Até hoje ninguém sabe quantos mistérios estão guardados no fundo dos oceanos, conhecemos apenas um pouco mais de 1% de toda água que o nosso planeta possui. Talvez mistérios que nunca serão revelados à nós, algo intransponível, assim como em “Marianas – A civilização dos sonhos”.
Rezam as lendas que sereias seriam seres metade mulheres, metade peixes, cuja beleza e poder de cantar encantavam e atraíam tripulantes de navios, para que a embarcação colidisse com algum rochedo e afundasse. Muitas são as lendas, diferenciadas por cada cultura, porém, a busca por esses seres que antes estavam somente no imaginário das pessoas começou a ganhar pesquisas, arquivos, estudos, tornando as histórias cada vez mais palpáveis. E Chérri Filho aguça ainda mais a ideia.
Deixo uma pergunta para te fazer pensar, imaginar, duvidar. Porque a vida é feita de dúvidas. Você acredita que todo esse universo, com bilhões, trilhões de estrelas, vários planetas conhecidos e ainda não conhecidos, nosso planeta, que ainda não conhecemos boa parte dele, algo que é misterioso ainda para todos nós, existe apenas a população que é reconhecida por registros? Que todos esses espaços vazios, são mesmo vazios? Uma vez um professor me perguntou: “não seria burrice demais criar um universo imenso e nele só nós morarmos? Não seria desperdício de espaço?” Pense nisso.
As sereias por muitos séculos tem sido alvo de fascínio de muitas pessoas. Algumas dizem já ter visto esses seres, algumas até relataram, existem muitos diários de bordo que possuem anotações sobre visões de seres como esses na água. Aliás, muitas culturas que nunca se colidiram ou tiveram contato uma com a outra, possuem lendas sobre as sereias e com as mesmas descrições: metade humano, metade peixe.
Teorias mais científicas dizem que poderiam ser ancestrais nossos que aderiram a vida semi aquática, durante algum período pela necessidade de se alimentar ou fugir de possíveis predadores, enquanto outros continuaram a viver em terra. Muitas são as teorias, mas nenhuma justificada e comprovada realmente, e por enquanto ficamos apenas com as especulações.
Voltando a “Marianas – A civilização dos sonhos”…
Jeremy desde muito pequeno foi fascinado pelos oceanos e seus mistérios, mas principalmente, por sereias. O que causou em muitos indiferença e até mesmo preconceito, que consideravam o menino problemático, apenas por se questionar tanto sobre seres desconhecidos no fundo dos oceanos. Em sua vida adulta seu sonho permaneceu, o que fez dele um importante biólogo, apesar de o acharem louco.
Em uma de suas viagens marítimas para pesquisar, ele embarca para as Ilhas Marianas, onde ele sente que suas dúvidas serão reveladas. É um lugar que causa arrepio pelo seu corpo, algo eletrizante.
Em uma das descidas de mergulho para analisar as águas escuras de Marianas ele sente algo o tocar e se assusta, porém o toque que sentiu o faz procurar pelo que o tocou e nada encontra. Então resolve descer com seu submarino até o limite máximo de segurança e vê rapidamente algo que chama sua atenção.
Encorajado e convicto que seria uma sereia, ele se prepara para mergulhar, mesmo com o perigo da pressão da água ser muito alto. Com a alta pressão sofrida contra ele, ele acaba desmaiando. Porém, alguém consegue salvá-lo bem a tempo, minutos antes da morte.
Quando acorda não consegue descobrir como chegou ali ou onde estava, mas sabia que era diferente de tudo que poderia imaginar.
É nesse momento que a história começa a ganhar força.
Sendo o primeiro livro que leio sobre a mitologia das sereias, não é possível opinar profundamente sobre “Marianas – A civilização dos sonhos”. Apenas é possível dizer que a história conduz para um mundo fascinante, mas que poucos conseguem imaginar como é.
A decisão, o fascínio de Jeremy pelas sereias, por descobrir, pesquisar, querer tornar real para todos o que para ele já era e que só faltava comprovar, é o que torna instigante correr atrás de pesquisas, imaginar e duvidar. É algo espontâneo, como um estalo de dedos.
Quando vi já estava me fazendo mil perguntas, imaginando, querendo descobrir. E isso eu acho muito bom em um livro, te faz querer saber mais, se aprofundar.
Contudo não consegui imaginar um lugar como foi descrito em “Marianas – A civilização dos sonhos” e como as sereias eram, talvez porque a sociedade impõe modelos e formas de como seriam (ou ainda são). É uma história diferente de tudo que se possa imaginar.
Quanto a história de Jeremy com Licia, foi algo rápido demais, poderia ter tido mais suspense no começo. Em certa parte do livro descobre-se a história por trás de todo esse amor e a história é linda! Não haviam indícios de que teria essa surpresa e como tudo já estava previsto mesmo sem os personagens saberem o que seria possível ou não.
“Com certeza, aquilo tudo não conquistou em nada o coração de Licia. Seus sentimentos eram maiores que o tesouro humano.”
Apesar de tantos momentos belos, conflitos surgiram com esse amor, conflitos esses que causaram centenas de mortes de ariatas, tanto azuis quanto vermelhos. E então uma guerra que era controlada para não acontecer acaba ganhando força, que apenas com muita dedicação e coragem ela poderá ser parada.
O fato que deixa um momento de dúvida em “Marianas – A civilização dos sonhos” é querer saber por quanto tempo Jeremy sumiu do barco e porque seu amigo não o procurou nesse tempo “sumido”. E também por não saber se o que Jeremy passou foi real, a narrativa abre dúvidas para perguntar se de fato o sonho que ele acredita que foi real não passava apenas de imaginação ou não.
De fato o primeiro volume criou expectativas para o próximo que será lançado. Apenas resta entrar em devaneios sobre a existência ou não de sereias no nosso universo enquanto a próxima história toma forma sobre as águas em que navegam.
5/5
Ano: 2016
Páginas: 192
Autor: Chérri Filho
Editora: Giostri editora
Idioma: Português