Quatro Amores na Escócia traz contos de romance hot bem leves e curtos, unindo histórias de 4 autoras diferentes: Julia Quinn, Christina Dodd, Karen Ranney e Stephanie Laurens. Os contos possuem aproximadamente 72 páginas cada e trazem histórias românticas passadas nas Terras Altas da Escócia.
O primeiro conto, intitulado “O Kilt Matrimonial”, de Christina Dodd, traz uma história um pouco diferente das demais, já que ambos os personagens se conhecem. Hadden é um jovem inglês e o pesquisador responsável por colher informações e escrever sobre a história de um antigo castelo que agora pertence a Andra, uma jovem moça que se tornou responsável por todo o vilarejo após a morte de seu pai, e os costumes locais das Terras Altas em que ela vive. Apesar de Hadden não aceitar a dureza e orgulho de Andra, a jovem tenta esconder com todas as suas forças o sentimento que nutre pelo inglês que tanto demonstra odiar.
Contudo, Hadden não desiste tão fácil e, motivado por uma antiga lenda da cultura de Andra, faz de tudo para conquistá-la e mostrar que o desejo que sente vai muito além de um antigo pedaço de pano, conhecido como Kilt Matrimonial.
A história de Christina Dodd tinha todo o potencial para ter sido uma história atraente, mas eu senti que a autora se guiou demais no caminho de cenas picantes, enchendo boa parte dos capítulos de cenas de desejo e deixando de lado – ou até mesmo esquecendo – da introdução ao casal, que já começou na metade do desenrolo.
Esse foi o único conto que me incomodou em relação ao excesso de cenas de sexo, pois para mim foi algo criado para manter a atenção do leitor, mas que não alcançou seu objetivo.
“O Desabrochar de Rose”, de Stephanie Laurens, é o segundo conto e um dos primeiros que prendeu a minha atenção. A história de Rose e Duncan foi bem estruturada e, apesar de ter poucas páginas de história, a autora soube criar com perfeição um breve romance hot.
Rose possui características muito marcantes, o tipo de qualidade que consegue tornar romances de época ainda mais atraentes. Ela é decidida, forte e não se deixa intimidar por ninguém, mantendo a sua opinião mesmo quando todos parecem discordar. Mas, apesar de ser tão firme nas suas decisões, Rose não consegue mais evitar o arrepio que sente quando está perto de Duncan, seu antigo amigo de infância e que cresceu junto dela na mansão em que se passa a história.
Duncan é um ávido escocês que lutou por anos para conquistar tudo que possui, mas, ao se encontrar novamente com Rose, que agora está com uma aparência mais voluptuosa e marcante, descobre que um novo sentimento luta para aparecer e faz de tudo para conquistar a pessoa que sempre tornou a vida dele em um inferno. Rose era o espinho cravado em sua pele, a sua rosa que desabrochou.
Nesse conto, Stephanie Laurens soube como trazer elementos essenciais para tornar a narrativa atraente e marcante e as poucas páginas da história se transformaram em uma degustação para a escrita da autora. O conto não se tornou cansativo, não teve cenas de sexo em excesso e a estruturação da história de Ducan e Rose foi feita com perfeição.
A narrativa poderia facilmente ter as 288 páginas do livro que continuaria sendo interessante de ler.
No conto de Julia Quinn, a história de Margaret e Angus se torna inusitada e até mesmo um pouco cômica, trazendo ainda mais leveza à narrativa. Margaret está em busca de seu irmão mais novo e o persegue até Gretna Green, para evitar que o futuro dele possa ser decidido de forma tão errônea: fugindo e casando-se cedo demais com a primeira moça pela qual se apaixonou.
Coincidentemente, Angus também está atrás de sua irmã, que fugiu da mansão em que vivem para poder participar de uma temporada em Londres, na casa de sua tia. Chegando a Gretna Green, cansado, com fome e completamente encharcado de chuva, Angus se depara com uma situação terrível e salva Margaret de um futuro desonrado.
Elegendo-se o protetor dela, Angus decide levá-la junto em busca de uma pousada já que os dois possuem o mesmo objetivo: encontrar seus irmãos. Lá, Margaret acaba tendo que fingir que são casados e que está grávida de um filho dele. Mas a ideia absurda de se tornar esposa daquele homem tão inusitado, que a irrita tanto, acaba se tornando um pensamento profundo dentro de seu coração.
“Por Jesus, por todo uísque e por Robert de Bruce”, esse foi o conto que me deixou em êxtase! Nunca antes havia tido contato com a escrita de Julia Quinn e me surpreendi muito. A narrativa traz elementos cômicos e momentos inusitados para a história, além de personagens fortes e que não se tornam maçantes ao longo da leitura. A autora soube criar com perfeição uma história de época que se encontra fora da curva da mesmice.
Margaret tem uma personalidade forte e Angus é um homem completamente entusiasmado, vendo sempre o lado bom das coisas. Essa característica foi marcante e decisiva para transformar o conto em algo divertido, leve, casual e cheio de surpresas boas, tornando o final completo, mas que poderia facilmente possuir uma história completa que não perderia a magia.
Já no último conto, a narrativa e criação dos personagens traz um ar mais medieval e até mesmo selvagem das Terras Altas. “A Noiva de Glenlyon”, de Karen Ranney, traz a história de Lachlan, que é o líder de seu clã e o responsável por encontrar uma maneira de trazer vida de volta para o seu feudo em decadência.
Guiado por uma lenda e sendo forçado pela visão de seu futuro, um velho profeta prevê que Lachlan poderá arruinar toda a vida de seu clã se não cumprir o seu dever como líder: encontrar uma esposa com um dote significativo que possa reerguer a vida de seu povo. Se conformando com o destino desgostoso do qual deveria encarar, Lachlan viaja pelas terras altas até o território inglês, onde sua futura esposa – e a salvação de seu clã – mora.
Contudo, chegando ao local, Lachlan se depara com uma bela moça, de alma solta, e acaba se apaixonando por ela, acreditando que as lendas e previsões do futuro que o velho profeta havia discutido estavam completamente erradas. Apesar de estar feliz com a sorte, Lachlan não faz ideia que Janet é apenas a dama de companhia de Harriot, sua verdadeira, futura e arrogante esposa inglesa.
Janet é uma jovem escocesa que foi levada de sua terra natal ainda muito nova, para viver em uma mansão inglesa e servir como dama de companhia, suprindo todas as necessidades irritantes de sua patroa. Com a aparição de Lachlan, em uma noite de lua cheia, Janet se depara com uma esperança mágica de voltar para as Terras Altas onde nasceu. Juntos, os dois começam a se encontrar escondidos, mas Janet nem imagina que Lachlan está prometido à sua insuportável senhoria e que todo o seu futuro se revela impossível de alcançar.
Apesar do aporte medieval da história de Karen Ranney ter tornado o resto do livro uma temática diferente, o conto foi muito bem estruturado e trouxe um elemento do qual eu gosto muito: a magia. A autora saiu completamente do romance de época tradicional e se aventurou com avidez pelas terras selvagens da Escócia.
Apesar desse conto não ter prendido tanto a minha atenção, como os de Stephanie e de Julia, Karen foi implacável e conseguiu criar uma narrativa repleta de magia, lendas e costumes antigos, retornando às origens mais primitivas dos escoceses em um cenário completamente atual para a época.
Todos os três últimos contos conseguem retratar bem a cultura escocesa, com exceção do primeiro ao qual o leitor é apresentado, já que as cenas de sexo são mais presentes na narrativa do que propriamente o jeito escocês dos personagens. É claro que cada autora possui maneiras distintas de escrever histórias, contos e ideias, mas a quantidade limitada de páginas para cada conto conseguiu demonstrar nitidamente a influência dos temas presentes nas histórias e da dinâmica da escrita de cada uma delas.
4/5
Ano: 2020
Páginas: 288
Autor: Julia Quinn, Stephanie Laurens, Christina Dodd e Karen Ranney
Idioma: Português
Editora: Editora Arqueiro