Pés descalços é um livro que tira seus pés do chão e que te faz flutuar em um mundo totalmente seu, fazendo uma reflexão pessoal de uma forma inimaginável.
A princípio o livro se parece com um gênero de auto-ajuda, mas na verdade, não é. O conteúdo dele remete isso em algumas questões singulares e específicas, mas não se prende somente a reflexão.
Ele conta a história de uma superação, um crescimento espiritual e uma libertação de coisas que não são tão necessárias assim na vida durante a existência. “Pés descalços” te faz descalçar os pés das coisas fúteis e enxergar aquilo que realmente é essencial para ser feliz plenamente.
E é com essa história que conhecemos Leonardo.
Léo, como todos o chamam, é um simples garoto do interior, descalçado de qualquer tecnologia, que por méritos da vida se vê indo embora da casa dos pais para a cidade grande para fazer sua tão sonhada faculdade.
“O mais estranho, de nós, seres humanos é que passamos a vida toda querendo realizar alguns sonhos e quando finalmente conseguimos temos muito medo.”
Chegando ao local que serviria como sua casa enquanto estudasse, ele encontra uma família rompida pela dor. Dona Ana está inconsolável com a perda do marido e do afastamento de seus filhos, que vivem cada vez mais em seus mundos particulares. Sem esperanças, ela não vê e não faz mais questão de estar viva, vivendo em uma depressão profunda a cada dia.
“É até bom que a tecnologia possa aproximar os de longe, mas que nunca afaste os de perto.”
Seus filhos, após a morte do pai, se isolaram do mundo e dos sentimentos para que tentassem superar a dor que tanto os machucava. Começaram a viver da tecnologia, cada um perdido em um mundo particular. Isso, porém os afastou da mãe, causando conflitos familiares.
“Pessoas sozinhas, com fones no ouvido vivendo cada uma em um mundo à parte, desconectadas numa era que se julga a da conectividade.”
Como uma dádiva vinda dos céus Léo chegou para tirar essa família do mar de lama que criaram em torno de si mesmos e trouxe a esperança para que pudessem enxergar que todos os problemas, por maiores que fossem, tinham solução, bastava querer sair da escuridão e lutar para que a dor fosse apenas mais um sentimento de liberdade para coisas maravilhosas que estavam prescritas em suas vidas.
“Quando a vida nos tira algo, pensamos o porquê, questionamos, nos decepcionamos e choramos. Então, temos duas escolhas: continuar perdendo a vida ou viver com mais intensidade ainda. A primeira opção não me importa. Na segunda, o tempo mostra que perdas na maioria das vezes podem se tornar um ganho”
A experiência com “Pés descalços” é indescritível. O livro traz algumas reflexões, que se tornam perfeitas e encaixam no contexto ideal, durante a leitura. Alguns dos parágrafos reflexivos tocam tanto o coração de quem está lendo que é quase impossível segurar o choro em alguns momentos, é realmente algo que toca no mais profundo dos sentimentos.
“O choro é um sinal do corpo demonstrando fisicamente a tristeza da alma. Tem capacidade de trazer alívio em meio à dor, de descarregar o ombro pesado e demonstrar alegria ou tristeza através das salgadas lágrimas. Mas é necessário chorar, chorar e chorar, extravasar os sentimentos de dor ou alegria, pois só assim, a tristeza dará lugar à esperança e o choro cessará.”
Isolei-me para conseguir fazer a leitura do livro e poder absorver cada reflexão que aparecia nas linhas escritas tão perfeitamente pelo autor. Não conseguia tirar os olhos das páginas, elas me puxaram para dentro delas, foi como entrar em transe e viver aquela história, foi como se eu vivesse dentro de mim mesma ao ler.
A única parte ruim de “Pés descalços” é descobrir que, durante a leitura, ao virar a próxima página, mesmo sem perceber, o livro chega ao fim.
Como todo livro bom e que tem o poder de mexer com a gente de alguma forma, formei uma pequena coletânea de frases que me chamaram a atenção durante a leitura.
“Não te prometo um amor que não existe, mas prometo até o fim, amar-te e viver pra ti. Não te prometo o sol porque não posso guardá-lo em uma caixa, mas te prometo o brilho dele através do meu sorriso. Não te prometo a lua, pois ela não cabe em meus braços, mas prometo proteger-te todas as noites com meu abraço. Não te prometo riquezas, pois quando eu estiver ao teu lado nada me será tão valioso, mas então prometo apenas ser rico se for de paixão por ti. Não te prometo o mar, porque é grande a sua extensão, mas prometo fazer-te feliz muito mais que o tamanho dos oceanos. Não te prometo as estrelas porque não as posso alcançar, mas prometo ser fiel infinitamente como o número delas é no céu.”
[…] não estou aqui, estou te esperando no céu, faça os outros felizes, descalce os pés da correria, ame enquanto é tempo, viva o hoje ao lado dos seus, corra na praia, suba uma montanha para admirar o horizonte, veja o nascer do sol e depois nos encontraremos novamente. Ah, e só mais uma coisa, me leve em seu coração durante todos estes momentos, pois nele eu continuarei sorrindo.”
“Alegria de verdade a gente sai por aí vivendo e não escrevendo para mostrar os outros.”
“O amor é paixão, ou vem de uma paixão? Acho que a paixão faz o amor acontecer e o amor faz a paixão continuar.”
“Mulheres são como diamantes, lindos de se ver, são tão frágeis que podem se quebrar, mas é o metal mais duro que se conhece na natureza.”
5/5
Ano: 2015
Páginas: 257
Autor: Ivan Bittencourt Jr.
Editora: Chiado Editora
Idioma: Português