Querubins, a balança do coração se passa em Florença no período do Renascimento, época do desenvolvimento artístico e cultural na Europa, a cidade é berço de grandes comércios que geraram uma rica burguesia mercantil que impulsionou o investimento na produção artística do país, fazendo com que houvesse uma expansão enorme de artistas por todo lugar.
Com isso acompanhamos os passos de Ashira, uma querubim pertencente à Segunda Ordem Guerreira. Ashira, a Canção Cortante, é de todos os querubins das regiões angelicais a mais compassiva e misericordiosa de todos, destacando suas virtudes mais apreciadas. Porém essas virtudes poderão ser um impasse na missão a qual foi escolhida.
“O coração é enganoso. Ele não considera as possibilidades, as probabilidades, as vantagens, desvantagens, os prós e os contras. quando deixamos que o coração seja o responsável pela tomada de nossas decisões, passamos a correr todos os tipos de riscos […] gostaria de não ouvir tanto o meu coração.”
Designada pelo Plano Celeste para sua única missão sozinha na terra, ela é alertada sobre os perigos que estava por enfrentar e é aconselhada a agir com cautela já que os sentimentos eram muito importantes para o sucesso da missão, mas que também poderiam comprometer todo o progresso alcançado.
Em sua jornada por Florença, ela precisa impedir que as forças do mal se apropriem daquela terra que cada vez mais sofre influências infernais. Para isso, ela precisa encontrar o Atalaia, uma pessoa que tem o poder de enxergar o sobrenatural, que ainda não havia manifestado seu dom e inserir-se na família mais rica e poderosa da cidade, os Médici.
Ao descer do plano celeste ela acaba tendo o primeiro contato com humanos conhecendo Lucca Amato, um jovem pintor que ao ver Ashira como se fosse a reprodução de um anjo, pela sua beleza estonteante, enxerga nela sua musa e sua inspiração para futuras produções artísticas.
“Eu era Narciso, mas não estava apaixonado por meu reflexo, e sim pela imagem imortalizada do meu ângelo por meus pincéis […] aquele rosto não era nem de longe algo comum como os das moças que conheci ou mesmo das pinturas que raramente conseguia ter o prazer de vislumbrar.”
Para se infiltrar no Castelo dos Médici ela irá desempenhar o papel de dama de companhia de Graziela, uma jovem que carrega em sua alma o desprezo e o ódio pelo nome herdado de sua família, já que seu pai era um homem ambicioso que causava medo em todo povo que governava, deixando-os à mercê da própria sorte ao padecerem de fome e em péssimas condições.
“[…] o lugar parecia uma colmeia agitada, com as operárias trabalhando para satisfazer sua rainha.”
Uma suposta traição que envolve os Médici trará muitas reviravoltas e muita confusão que causará uma batalha onde Ashira terá que colocar seu coração na balança para que encontre equilíbrio entre razão e emoção e que possa provar a si mesma que ela é uma guerreira que trará sucesso em sua missão.
“[…] Os corvos se banqueteavam com o resultado da ganância, orgulho e deslealdade […] agora tudo parecia carregado de sangue e maldição.”
Para entender melhor a situação que está acontecendo com o atalaia e a família Médici em “Querubins, a balança do coração”, temos duas visões: uma retratada por Lucca, na cidade, e por Ashira, no Castelo. As cenas acabam se interligando para que a história se complete de forma interessante.
A autora Martha Ricas soube descrever muito bem os personagens e lugares, tudo foi muito bem construído e pesquisado. Ashira encantou meu coração com sua bondade sem limite, porém essa virtude me deixou aturdida em cenas que ela precisava erguer sua espada e se mostrar forte, a vontade que dá é de dar um choque de realidade nela.
Lucca se destacou disparadamente, com suas qualidades simples porém fortes, seu talento ganhou destaque e seu crescimento como atalaia foi incrível. Contudo, Graziela não é um personagem que cativa, apesar de suas ações serem reflexo de uma vida dolorosa e serem um escudo para suas emoções, ela se mostrou muito ingrata com as oportunidades que surgiram durante o livro, sempre embebida em mentiras e egoísmo.
Mas não pode-se dizer que a personagem não cresceu, o crescimento dela é visível e muito reconfortante, pois ela conseguiu quebrar o gelo em que seu coração se encontrava.
Também há vislumbres de Salatiel e Chaya que foram importantes para o confronto travado na cena de batalha.
Para entender melhor a situação que está acontecendo com o atalaia e a família Médici, temos duas visões: uma retratada por Lucca, na cidade, e por Ashira, no Castelo. As cenas acabam se interligando para que a história se complete de forma interessante.
Um dos fatos interessantes em “Querubins, a balança do coração” é que há termos em italiano para enviar o leitor diretamente para o cenário da narrativa e imaginar com precisão a cena com os personagens.
A narrativa não cansa em nenhum momento, pelo contrário, os capítulos, que são pequenos, despertam a curiosidade e a vontade para descobrir o que vai acontecer.
Na questão da diagramação do livro não existem palavras melhores para descrever. Está um espetáculo! As páginas possuem ilustrações entre alguns capítulos e a capa nem preciso dizer o quanto está linda né?
Para quem ainda não leu os livros da Martha, aconselho que leiam, pois ela consegue descrever de forma harmoniosa e grandiosa sobre criaturas celestes como ninguém, principalmente em “Querubins, a balança do coração”.
5/5
Ano de publicação: 2016
Número de páginas: 267
Autor: Martha Ricas
Editora: Editora Coerência
Idioma: Português