Uma paixão arrebatadora, sentimentos proibidos à flor da pele e a busca pelo controle de suas próprias emoções são as frases que destacam com objetividade o segundo livro “Era uma vez no outono”, da série As Quatro Estações do Amor, uma das grandes obras escritas por Lisa Kleypas.
A história de amor escrita nesse romance de época, ao contrário de muitos outros que já li, aborda o verdadeiro amor que pode quebrar barreiras, sejam elas sociais, econômicas, culturais ou até mesmo políticas.
Com uma narrativa leve, a autora consegue misturar com perfeição o poder feminino, as regras impostas por uma sociedade fatalmente arcaica e a libertação de padrões ora impostos sob determinadas culturas, unindo duas pessoas ricas, de status sociais completamente opostos: Westcliff, que vem de uma linhagem pura de sangues azuis e é nomeado o Conde da família mais antiga da Inglaterra, e Lillian, que é herdeira de uma família rica nova iorquina.
Lillian Bowman é a herdeira de sua família. Seu pai é dono de um grande império de sabonetes e essências e possui as fábricas mais famosas da América. Porém, apesar de a família ser conhecida por seus produtos e nacionalmente famosa, o que eles ganham de dinheiro é igualado a falta de participação na sociedade aristocrata.
E, para se tornarem visíveis à alta sociedade, conseguindo o desejado respeito, Lillian e sua irmã, Daisy, terão que se casar com homens da alta sociedade inglesa.
“Nos estados Unidos, a mulher é quem governa o lar, mas na Inglaterra tudo gira em torno do homem.”
Mas apesar de seus esforços, nenhum nobre inglês parece interessado nas jovens nova iorquinas, a não ser por lorde Westcliff.
Marcus Westcliff não aceita a ideia de uma relação afetiva por trás do casamento. Desde pequeno foi ensinado que pessoas, com a altura de sua importância, como um Conde, não poderiam nutrir sentimentos por outras e que o matrimônio não passava de um acordo simples e objetivo para manter a linhagem de sua família.
“A vida de Marcus havia sido moldada por rígidas expectativas e obrigações e a última coisa de que ele precisava era distração.”
E, por conta desses ensinamentos passados para ele por seu pai, Marcus se vê entre o céu e o inferno sem saber o porquê a imagem de Lillian, a garota que ele sempre achara sem limites e insuportável, não sai de sua cabeça e o atormenta tanto.
“Creio que foi um caso de ódio à primeira vista – respondeu ela. – Acho que Westcliff é um grosseirão intolerante e me considera uma pirralha mal-educada. – Ela deu de ombros. – Talvez nós dois estejamos certos.”
Ele se vê diante da decisão mais difícil de sua vida: ignorar seus sentimentos por ela e seguir os planos traçados a ele por seu pai ou abdicar de todas as regras, para manter sua linhagem, e viver intensamente a paixão que não consegue mais esconder.
E Lillian fica tentada a descobrir as verdadeiras razões dessa atração.
“De que adianta um perfume que só atrai o homem errado?”
O romance entre os personagens se desenrola de maneira bem delicada, dando ênfase em todos os sentimentos apresentados. Além disso, os personagens secundários são essenciais para esse contexto, merecendo destaque durante toda a história.
A personalidade de cada um foi desenvolvida com perfeição por Lisa Kleypas e todas possuem características marcantes. Marcus é autoritário e controlador, mas se destaca pelo caráter respeitoso, leal e que honra todas as suas palavras e ações tornando tudo o mais perfeito e correto possível.
Já Lillian, a sua personalidade se contrapõe a todos os padrões impostos pela sociedade inglesa, ela é atrevida, impulsiva, fala o que vem a mente, é impaciente e nem sempre consegue controlar suas ações antes de pensar nas consequências. Sua rebeldia a torna única. Uma mulher que é capaz de quebrar todos os tabus sociais da época e se mostrar determinada a ser ela mesma, de correr atrás do que deseja, ao invés de a tornarem submissa a comportamentos que não condizem com as suas características de vida.
“Lilian sentiu uma pontada de nervosismo. Embora não houvesse borboletas híbridas lá fora, sentia-se como se houvesse várias delas em sua barriga.”
Além disso, uma personagem que também merece destaque, e que durante o livro quase não teve presença, além de alguns diálogos em grupo, é Evangeline, que é a atração principal do próximo volume. Apesar de não ter uma personalidade marcante por ser tímida e recatada, a história dela e a forma como Lisa Kleypas dá o seu destino neste livro, gera grandes chances de quebrar qualquer expectativa criada.
5/5
Ano: 2016
Páginas: 288
Autor:Lisa Kleypas
Idioma: Português
Editora:Arqueiro