Até onde você conseguiria chegar para descobrir o passado sombrio de alguém que você ama e proteger seus amigos de perigos do passado que retornam como fantasmas para assombrar a tragédia acontecida?
Harlan Coben sabe criar o enredo perfeito para cada trama escrita por ele. Em “Até o fim” não poderia ser diferente e é indiscutível as habilidades dele em criar cenários caóticos e mistérios que te deixam sem conseguir tirar os olhos das páginas.
“Há quem diga que o dinheiro é a fonte de todos os males. Pode ser. Outros dizem que o dinheiro não compra felicidade. Também pode ser. Mas se você sabe lidar com ele, o dinheiro compra liberdade e tempo, coisas bem mais tangíveis do que felicidade.”
Nap Dumas é um detetive policial de Westbridge e carrega em suas memórias a dor de ter perdido seu irmão gêmeo em um terrível acidente na linha do trem, no último ano do colegial, e o ressentimento por não saber o porquê de Maura, seu grande amor, ter sumido sem deixar vestígios ou razões para a falta de despedida no mesmo ano do acidente com seu irmão.
Mesmo após 15 anos da tragédia, ele continua buscando respostas para os estranhos acontecimentos e mortes que marcaram sua adolescência. O passado começa a surgir novamente na sua vida quando dois policiais, de uma cidade vizinha, chegam até sua casa para fazerem perguntas sobre um caso em que estão trabalhando.
“Nunca imaginei o que ia encontrar do outro lado. Nunca imaginei, Leo, que aquela porta aberta me levaria novamente até você.”
Apesar do crime ter acontecido em um local não muito distante, os policiais têm a certeza de que Dumas pode ajudar. Nap não se recorda de nada e não ouviu nenhuma notícia, porém um fato contado para ele naquele momento o deixa paralisado: as digitais encontradas na cena do crime são de Maura, o seu amor do passado que retornou para assombrar a sua vida e trazer à tona os acontecimentos que gostaria de esquecer.
“Eles voltaram”. Pensou ela. “Depois de tantos anos, acabaram me encontrando.”
Em meio a tanta confusão e mistérios, Nap terá que reviver muitas cenas do seu passado para conseguir desvendar os acontecimentos presentes. Em meio a conspirações, mentiras, perigos iminentes e inconsequências adolescentes, ele terá que descobrir em quem confiar e o que realmente aconteceu 15 anos atrás quando seu irmão foi morto. E a chave para tudo isso pode ser alguém que, até então, poderia ser dada como morta.
Harlan Coben não deixa a desejar quando o assunto tratado são mistérios que envolvem assassinatos e problemas do passado que voltam pro presente. São muitos detalhes cruciais que conectam a história e tornam o raciocínio por trás das perguntas sem respostas ainda mais inesperadas.
O diferencial desse livro, em comparação de outros que li do autor, é que boa parte da narrativa é feita por Nap para seu irmão. Não é uma história contada apenas pela visão do personagem para o leitor e sim de um personagem para outro que também faz parte daquele cenário.
“Quando temos uma ferida aberta, pelo menos temos alguma coisa. Quando a ferida se fecha, sobra o quê? A gente segue adiante, só que não era isso que eu queria.”
Apesar de Dumas ter um passado doloroso ele é o clássico policial durão e com poucos amigos. Mas conforme a leitura pode-se descobrir que essa fachada surgiu apenas em razão das consequências da noite em que seu irmão e Maura o deixaram. E por trás de todo o seu sarcasmo e ironia, ele se mostra um personagem respeitável e de bom caráter.
Não é apenas a narrativa leve e fluida que tornam “Até o Fim” um dos melhores livros de Harlan Coben. São os fatos, as incógnitas criadas nos momentos mais apropriados. Você lê algumas páginas e na hora certa a narrativa te prende e muda de forma surpreendente, tornando a leitura algo que ninguém poderia esperar.
“Agora é tarde, não posso me fazer de cego. Portanto, sejá lá como for, custe o que custar, a justiça será feita. Porque agora eu sei. Agora conheço a verdade.”
5/5
Ano: 2019
Páginas: 272
Autor:Harlan Coben
Idioma: Português
Editora:Arqueiro