A cada parágrafo, uma nova história.

Uma vida de sonhos. Uma mentira perfeita. Uma analista da CIA deverá escolher entre o amor de sua família e o juramento feito a seu país. “Preciso saber” é um livro de suspense policial muito curioso… e até mesmo duvidoso.

Vivian Miller é uma mulher sobrecarregada de tarefas que divide seus dias entre o trabalho e a sua família. Mãe de quatro filhos, esposa atenciosa e agente especial do serviço de CI (contrainteligência) da CIA, ela é a responsável por descobrir e revelar aos seus superiores sobre células espiãs de inimigos russos em solo americano.

Após anos desenvolvendo um software de espionagem para ganhar acesso a computadores de agentes russos, ela finalmente consegue ter um vislumbre do seu progresso nas pesquisas e tentativas de infiltração virtual. Com a capacidade de acessar a área de trabalho de um dos alvos da investigação, ela descobre arquivos secretos e pastas ocultas essenciais para revelar uma das células espiãs.

Mas o que ela não imaginava é que ao abrir uma das pastas, para analisar o conteúdo, ela descobriria algo que poderia ruir toda a sua vida familiar e deixá-la sem opções do que fazer… o marido perfeito, o pai perfeito e amor da sua vida inteira era o mentiroso perfeito.

“- Você sabe que eu não tenho escolha – digo, e me forço a olhar para ele, meu marido. O homem que conheço tão bem, mas que ao mesmo tempo é um completo desconhecido.”

Com tantas dúvidas, agora onipresentes em sua vida familiar e profissional, Vivian Miller terá que tomar a decisão mais difícil da sua vida inteira: preservar o amor de anos e os frutos dessa paixão ou ser leal ao seu país e amigos de trabalho, revelando o segredo que por tantos anos ficara mascarado por trás de sua relação.

O caminho para a verdade é perigoso, mas manter a mentira pode ser ainda mais arriscado.

“Vamos pensar em uma solução – diz ele, mas a promessa soa vazia – Estamos juntos nessa.
Estamos juntos nessa?, penso. Assisto a uma luz da rua bruxulear e, em seguida, queimar.
Será que algum dia estivemos juntos?”

Apesar de o livro “Preciso saber” nos passar a promessa de ser o Thriller do ano, fico em dúvida quanto a essa afirmação. O conteúdo da narrativa foi bem estruturado devido a escritora ser uma ex-analista da CIA, porém a característica dos personagens deixou a desejar em muitos pontos.

Vou dar a minha opinião em alguns tópicos.

Por ser um gênero que envolve suspense e thriller policial, acho que o começo do livro poderia ser menos direto ao ponto. Nele já somos apresentados ao real problema que é o centro de toda a história: a mentira do marido de Vivian e os perigos por trás dessa revelação. Isso me deixou apreensiva quanto ao resto do conteúdo, já que o mistério foi um tapa na cara assim que a leitura se iniciou.

O problema poderia ter sido resolvido se, por exemplo, houvesse um prólogo com uma das missões espiãs russas sendo executadas por Matt, marido de Vivian, deixando a identidade dele como um mistério.

A personalidade de Vivian deixou a desejar em muitos aspectos, principalmente por ela ser uma agente do centro de inteligência americana. No que ela deveria ser forte, decidida e prepotente nos momentos de extrema necessidade, ela se mostra uma mulher fraca, indecisa, confusa e frágil.

É perfeitamente compreensível que esse lado frágil e instável seja consequência dos acontecimentos que chegaram como uma bomba na vida dela, e que o instinto protetor materno influenciasse em certas decisões. Mas nem por isso ela deveria ser tão persuadível nos momentos em que a mínima ação poderia gerar reações ainda maiores.

“Às vezes, a gente acha que encobrir a verdade vai proteger as pessoas que mais amamos.”

Quanto às características de Matt, falar sobre elas é como andar em areia movediça. Em diversos momentos as ações dele deixam dúvidas sobre quem ele realmente é, se está mentindo ou dizendo a verdade, se está jogando o próprio jogo ou realmente querendo ajudar.

Mesmo estando encurralado entre as revelações da sua identidade e as consequências da vida dupla de marido-espião, ele consegue manter a mais plena calma frente aos cenários mais catastróficos e estressantes. Ele não perde e postura de pai e de marido perfeito, mas em muitos momentos senti que ele apenas estava tratando a Vivian como sua marionete.

Minha opinião ficou dividida durante boa parte do livro, mas apesar de tantos assuntos questionáveis, a narrativa de “Preciso saber” conseguiu prender minha atenção até as últimas páginas, deixando espaço para dúvidas, mas também muitas revelações.