Pete Banning é ex tenente do Vigésimo Sexto Regimento de Cavalaria e sobrevivente da Segunda Guerra Mundial. Antes de ser convocado para lutar na linha de frente na batalha travada entre japoneses e norte-americanos pela reconquista das Filipinas, Pete era um jovem militar, que no auge de sua carreira promissora no exército, se apaixonou perdidamente.
Ele e Liza Sweeney começaram a se encontrar todo final de semana em Peabody, um hotel de luxo situado próximo ao condado de Clanton. Ao contrário do que Liza esperava, Pete era apenas um fazendeiro que possuía boas terras e uma crescente plantação de algodão, que sustentava a família o ano todo caso a colheita fosse satisfatória.
Os pais dela não aprovavam o relacionamento, por isso, os dois fugiram e decidiram se casar após descobrir que Liza estava grávida de apenas um mês. Pouco antes do nascimento de sua segunda filha, Pete foi convocado novamente pelo exército para ajudar os norte-americanos em mais uma batalha, no auge da Segunda Grande Guerra.
Sem opções do que fazer e sem poder recusar sua presença na batalha, Pete lutou três incansáveis anos durante a ocupação das Filipinas pelo Império japonês, passando por Bataan, Manila e Luzon, lugares dos quais jamais gostaria de relembrar. Durante esse período longe de casa e sem poder dar notícias à sua família, Pete fora dado como morto em uma visita oficial de militares na fazenda onde moravam e Liza entrou em depressão profunda, assim como seus filhos que não conseguiam imaginar a morte de seu pai.
Contudo, após lutar, ser capturado, mantido em um campo de concentração e lutar como guerrilheiro, ele conseguiu voltar para casa e para o abraço de sua família, que mesmo desacreditada da presença de Pete, comemorou, agradeceu e rezou por finalmente ter a família unida novamente.
Porém, o que Pete jamais poderia imaginar é que segredos obscuros fariam parte de sua vida, assim como os ferimentos de guerra que jamais se curariam por completo. Afinal, o que fez um homem bom se transformar num assassino?
A verdade fora revelada aos poucos e, assim que a compreendera por completo, aquela morte se tornou tão inevitável quanto o nascer do sol.”
Uma das coisas que mais chamou a minha atenção no começo do livro foi a relação entre personagem e autor que foi desdobrada durante algumas páginas. Não sei ao certo se foi intenção ou não, mas pode-se ligar o personagem John Wilbanks com o autor John Grisham: os dois possuem o primeiro nome iguais e ambos exercem a mesma profissão de advogado especializado em Direito Penal e processos de indenização.
Existe uma conexão entre criatura e criador que é inserida quase que secretamente para quem nunca leu seus livros. Porém, John atuou por muitos anos nessa carreira antes de começar a escrever seus livros de thriller jurídico e a criação de um personagem que refletisse suas características foi algo surpreso e muito bem aceito durante a leitura. Dessa forma foi possível conhecer um pouco mais sobre a dinâmica da sua profissão antes de virar autor.
Infelizmente o livro não chegou nem perto das expectativas que criei quanto ao mistério que tanto foi prometido na capa, na sinopse e na primeira parte do livro, que é dividido em três grandes marcos. A história do passado de Pete ganhou mais destaque do que a principal e conseguiu me prender muito mais do que o repetitivo “ah, já passei por coisas piores”, “nada a declarar” e “levarei meus segredos para o túmulo”.
Esse mistério tão obscuro que gira em torno do assassinato do reverendo ficou arrastado e se estendeu por 200 páginas sem chegar a uma mínima solução ou tensão que desse o veredito da verdadeira razão por trás do homicídio. E, por mais que o autor tenha criado um ótimo álibi para sua história, colocando fragmentos do passado de um personagem, o enigma por trás do crime de Pete já era mais do que claro e óbvio antes mesmo de ser levado ao caminho da morte. Para mim não foi nenhuma surpresa o motivo e achei até mesmo muito clichê.
Se eu pudesse renomear os três marcos no qual o livro é dividido, faria da seguinte forma: “sentença de morte”, “caminhada até o túmulo” e “cova do mistério” tamanha a minha decepção com essa narrativa.
Também não entendi muito bem a força de vontade de querer esconder esse mistério por tanto tempo durante o livro e o porque dos personagens como Pete e Liza ficarem tão aflitos e tendo colapsos nervosos quando alguém perguntava sobre o que não contavam. Isso tornou os personagens monótonos e que não ajudaram como deveriam na concepção do mistério.
Daquele dia em diante, sua vida nunca mais seria a mesma, e ele tinha aceitado isso. Não havia escolha.”
Fora isso, Stella e Joel com seus lamentos de “como foi que nossa família acabou nessa situação?” também foi um ponto que deixou a desejar, afinal eles queriam saber o motivo do crime do pai, mas pouco fizeram para descobrir o segredo.
Se eu fosse classificar os marcos divisórios da história eu daria cinco estrelas para a narrativa de guerra e duas estrela e meia para a história principal. A leitura é boa e prende, mas aconselho a não criar muitas expectativas quanto ao enredo prometido e ler com muita atenção a parte da guerra, pois é o mais interessante de tudo.
2,5/5