Em seu último ano da faculdade, Elizabeth se vê diante de uma das maiores dificuldades de sua graduação: prestar atenção na aula de “Cálculo A” e fazer de tudo para entender Limite, Derivada e Antidiferenciação, enquanto o professor que leciona a matéria é a própria representação dos deuses gregos, o ponto fora da curva, capaz de fazer com que qualquer cálculo matemático desapareça de sua cabeça.
Dedicada e acostumada a ter sempre um boletim impecável com as notas mais altas da turma, Lizzy se vê cada vez mais aflita e preocupada com o seu futuro quando descobre que as aulas seriam mais difíceis do que imaginou, já que além de ter que refazer uma matéria da qual foi reprovada no primeiro semestre da faculdade, ela teria que se concentrar para não imaginar cenas eróticas de seu professor enquanto ele dava aula.
“Ele era bonito. Não, bonito era pouco. Daniel era maravilhoso, um pedacinho do céu, a porra de um deus grego com todos aqueles traços tão fortes e definidos.”
Empenhada a se formar o mais rápido possível e cansada de criar cenas românticas em sua cabeça, Elizabeth aceita o convite de sua amiga Clare para uma festa extremamente misteriosa e sigilosa. Mesmo com medo do que a amiga poderia ter aprontado desta vez, Lizzy decide comemorar os seus 25 anos e aproveitar a oportunidade de relaxar e esquecer dos problemas matemáticos que a assombram, tentando tirar Daniel de seus pensamentos.
Daniel é um dos professores universitários mais bem sucedidos do país, reconhecido internacionalmente por seus artigos, com uma vida completamente estável e ministrante das aulas de Cálculo, na universidade em que Elizabeth está completando sua graduação.
Apaixonado pela sua carreira, mais do que qualquer outra coisa, Daniel se encontra no meio de um possível escândalo quando percebe que Elizabeth está na mesma festa que ele e que, ao avistá-la, perderia completamente a cabeça, deixando tudo para trás só para ter o toque dela em seu corpo.
“Daniel soube naquele momento, quando sentiu um estopim dentro de seu corpo, que ele não teria controle algum sobre seu instinto. Era errado a relação que estavam tendo, mas queria entender o porquê era tão fascinante. Como algo tão maravilhoso poderia ser tão inadequado?”
Uma coisa é certa ao se tratar desse livro: a capa e a sinopse poderiam claramente definir o tipo de narrativa de “Querido Professor”, tornando ele mais um dos inúmeros romances hot do mercado literário. Mas a verdade é que a narrativa do livro é muito mais do que apenas cenas de sexo, um homem poderoso e uma mulher frágil e insegura de si e isso simplesmente quebra todas as expectativas criadas no início da leitura.
É fato que nos primeiros capítulos a autora traz um dos clichês hot mais famosos, que é o relacionamento entre aluno-professor, e que qualquer pessoas que tenha começado a ler possa ter achado que não seria nada além de cenas completamente eróticas que colocam o personagem masculino e a sua virilidade em um pedestal de ouro enquanto rebaixa a personagem feminina a ser submissa.
Ao contrário disso, Thália Löwen conseguiu trazer uma essência ainda mais profunda, e que dificilmente se encontra em livros do gênero. A autora trouxe intimidade, intensidade, desejo, verdades, relacionamentos e, acima de tudo, comunicação.
“O amor é a redenção, é a destruição de barreiras de proteção. É colocar-se de joelhos e entregar-se para a pessoa sob a mira daquela arma, uma arma que pode causar danos irreparáveis. Amar alguém é estar consciente de todos esses perigos e, ainda assim, confiar o suficiente para que não seja machucado.”
É claro que as cenas hot existem e são bem trabalhadas, com detalhes eróticos de virar a cabeça, mas elas não são a atração principal da narrativa.
Em “Querido Professor” a dinâmica da história é um pouco diferente, e mesmo que o foco não esteja diretamente na construção do relacionamento de Dan com Lizzy, que acontece rapidamente durante as passagens de capítulos, a autora traz os momentos mais íntimos do casal e faz com que cada um deles seja uma degustação de algo ainda mais importante: a compreensão e o companheirismo.
A gente acha que diálogo é a base de tudo, mas não, a compreensão que é. Você pode falar mil coisas, falar tudo que te incomoda, mas se a outra pessoa não te entender, já era. É essa a essência que a autora cria durante toda a história e ressalta a todo momento.
Todos os personagens foram muito bem desenvolvidos e a autora conseguiu tornar a história de “Querido Professor” cativante, tanto no amadurecimento dos personagens de forma individual, quanto na estruturação deles como um casal. Além disso, conseguiu criar cenas que refletem bem a realidade, fugindo do monótono de uma vida perfeita e é possível acompanhar de perto os problemas, as conversas, os sentimentos e as superações de Dan e Lizzy.
A narrativa como um todo é uma das características mais abrangentes de “Querido Professor” e traz com muita sutileza o verdadeiro significado do amor nos mais diferentes momentos da vida.
5/5
Ano: 2021
Páginas: 462
Autor: Thália Löwen
Idioma: Português
Editora:Editora Naïve