Mãe de quatro filhos, casada com um marido fiel e amoroso e com uma vida tranquila e aconchegante na pequena ilha de Nantucket, Claire decidiu por conta própria deixar de lado o trabalho de sua vida para se dedicar exclusivamente à família depois de quase pôr em risco não somente a vida dela como a do filho que ainda carregava em seu ventre.
Claire é sopradora de vidro, criativa e apaixonada pelo que faz. Contudo, após perder a consciência e desmaiar em sua estufa de trabalho, com a gravidez em seu estágio final, ela percebe que nada é mais importante do que seus filhos e frequentemente é lembrada de seu erro, se sentindo culpada por ter sido descuidada em um momento tão delicado.
Apesar de sentir falta, Claire se sente feliz com a rotina que criou e se dedica ao máximo em todos os momentos, mas o vazio em sua vida que permaneceu guardado por tanto tempo começa a se tornar maior quando um convite inesperado é feito à ela, sendo chamada para ser produtora do evento anual da Nantucket’s Children, uma das fundações mais importantes da ilha.
Surpresa com o convite, Claire vê um novo propósito para se sentir importante novamente e se torna cada vez mais íntima de Lock Dixon, idealizador da empresa e casado com sua amiga, despertando nela uma chama que há muito tempo fora apagada.
“Um caso de verão” é realmente um livro que traz diversos momentos da vida real para o fictício, criando uma história que retrata a vida do ser humano como ela realmente é: sem filtros, cheia de problemas, de julgamento, de traição, de infelicidade, de reencontro emocional e de busca incansável pela felicidade e pertencimento.
“Eram pessoas reais da vida real. Pessoas ferindo outras pessoas.”
Claire é uma pessoa facilmente influenciada, com a mente muito agitada, sempre pensando em tudo, que deixa as pessoas se aproximarem muito rápido, ama com abandono, se preocupa muito fácil com as pessoas e cuida delas, ouve e aceita todos os problemas e isso deixou a personagem extremamente vulnerável à opinião dos outros sobre a sua vida.
Em diversos momentos senti que se impôr, demonstrar sentimentos e vontades, mostrar sua verdadeira força e caráter era algo muito difícil para ela e essa fraqueza a tornou completamente influenciável, uma pessoa sem características próprias.
Claire é realmente uma pessoa “sem limites” e começou a ter atitudes que não condizem nem um pouco com a mulher que eu esperava que ela seria em “Um caso de verão”, sendo facilmente manipulada pelos sentimentos e não tendo atitude alguma para criar limites ou mesmo consciência dos erros que estava cometendo.
Isso me incomodou um pouco durante a leitura, mas também conseguiu mostrar a verdadeira reflexão, que acredito ter sido a da autora quando escreveu o livro: o quanto nós humanos somos suscetíveis a errar, o quanto não conseguimos – ou evitamos – achar solução para um problema e como o arrependimento pode nos lembrar que o que temos é suficiente.
Em relação a Jason, o personagem não mereceu o que Claire fez com ele, mas em quase todos os momentos senti que ele descarregou todas as responsabilidades familiares em cima dela, não ajudando com as crianças e com os afazeres de casa, apenas se fazendo presente, exercendo o papel de chefe de família, o “homem da casa”.
Siobhan, apesar de ser a melhor amiga e cunhada de Claire, me pareceu apenas uma adolescente mimada que estava sempre julgando os comportamentos de Claire, principalmente quanto ao jeito dela, fazendo-a parecer sempre errada por não viver como Siobhan, por não fazer as coisas como ela ou não concordar com algo a ser discutido.
Parágrafo do Spoiler
Alguns momentos fiquei confusa com parte da narrativa de “Um caso de verão”, pois ficaram completamente sem nexo, como, por exemplo, no momento da Petit Soirée de Isabelle em que a autora escreveu que Isabelle apareceu, vinda Deus sabe lá de onde e ela e Lock beijaram-se nos lábios, diante de Claire e Siobhan (como assim a Claire não reagiu a isso? Estranho demais, pois ela reagia a qualquer ciúme de seu amante); ou quando Edward (ex-noivo de Siobhan) chamou a própria Siobhan de Claire quando estavam sozinhos no escuro e ele disse o quanto ela tinha magoado ele por ter terminado o noivado.
Pode ter sido erro gráfico na hora da tradução? Pode. Pode ter sido erro da própria autora na narrativa? Também. Faz sentido? Não. Nem um pouco. E isso me incomodou muito porque em vários momentos fiquei “será que perdi alguma coisa?”.
Mas apesar dos pesares e das partes da narrativa de “Um caso de verão” que me deixaram aflita pela falta de reação dos personagens, a autora conseguiu concluir com precisão toda a história e deixou uma reflexão importante, afinal, errar é humano, perdoar é preciso e correr atrás daquilo que realmente queremos é uma obrigação.
Início da Leitura: 29/01/2023
Término da Leitura: 31/01/2023
Classificação final:
Escrita
Personagens
Enredo
Geral
Elin Hilderbrand
Ano: 2011
Páginas: 392
Idioma: português
Editora: Bertrand Brasil
Claire Danner Crispin vive na pequena ilha de Nantucket e tem uma vida tranquila e perfeita. Sua única frustração é ter abandonado o trabalho de artista após sofrer um acidente quando estava grávida e quase perder seu caçula. Tudo começa a mudar quando ela aceita ser a produtora do evento da Nantucket’s Children e torna-se, então, íntima do diretor Lock Dixon, casado com sua amiga Daphne, tendo um “Caso de verão”.