Conhecido por suas brincadeiras e pegadinhas de mau gosto em despedidas de solteiro, Michael Harrison está curtindo a última semana solteiro com seus amigos, sem saber que o pior da noite o esperava e que, esses mesmos amigos que o acompanhavam, finalizariam a noite com uma surpresa especial: dar o troco em todas as brincadeiras de Michael cometidas contra eles.
Bêbado, sem saber para onde estavam indo e sem entender o que estava acontecendo, Michael se vê preso em um caixão, com nada além de uma revista pornô, uma garrafa de uísque, uma lanterna, um walkie talkie e um tubo que conectava o caixão a superfície para que pudesse respirar. Enterrado vivo, Michael é deixado debaixo de terra e, além de sua própria respiração, o único som que há é o silêncio do cetim branco.
De volta ao tour, Robbo, Josh, Pete, Luke e Mark comemoram a vingança e dirigem para o próximo bar, planejando resgatar Michael após duas horas. Contudo, um grave acidente acontece na estrada e todos eles morrem, deixando Michael sem resposta, com um celular sem sinal e a quilômetros de distância em um terreno desocupado.
“Depois de alguns minutos ele parou de raspar a madeira. Estava exausto. Mas sabia que precisava continuar. A desidratação o deixava cansado. Tinha que lutar contra o cansaço. Tinha que sair daquela maldita caixa. Tinha que sair e ir atrás daquele idiotas, e quando os pegasse eles iam pagar caro.”
Sem saber que tipo de brincadeira doentia havia sido feita, o detetive-superintendente Grace é atraído pelo caso do homem desaparecido na noite da despedida de solteiro quando Ashley reporta o sumiço de seu futuro esposo Michael. Com quatro mortes, um desaparecimento e nenhuma pista, Grace se vê em mais um quebra cabeça e com ainda mais suspeitas entre o padrinho de casamento que não estava presente na despedida de solteiro e a encenação pouco convincente de Ashley.
Estou bastante surpresa com a narrativa de “Simplesmente morto”, pois a história além de ser eletrizante e capaz de prender a atenção ainda nas primeiras páginas é também de certa forma sufocante e claustrofóbica. O autor conseguiu criar um pico de tensão sem muito esforço ao começar com a história angustiante de Michael e como uma simples brincadeira de despedida de solteiro se tornou uma vingança doentia e completamente irresponsável.
Em comparação com outros livros de suspense policial e, sendo esse um gênero que amo, “Simplesmente morto” me chamou atenção por um detalhe ínfimo, simples e pouco usual: todos os personagens, sem exceção, são simples, monótonos – mas não no sentido ruim da palavra, e sim porque são pessoas comuns, em um lugar comum, com características comuns e com um dia a dia ainda mais simples do que o esperado para um caso de mistério.
Esse detalhe fez total diferença, porque no começo da leitura a única coisa que eu esperava era que fosse uma história baseada em uma brincadeira e nada mais, mas o autor criou uma trama de acontecimentos que ficaram debaixo dos panos até o ápice do livro e mudou a trajetória dos personagens com muita maestria sem causar confusão.
Um dos personagens que ganhou destaque entre todos os outros foi o detetive-superintendente Grace, que desde sua entrada no caso é possível ver uma conduta firme e esperançosa pelos casos arquivados e intitulados como “sem resolução”. Grace é um homem comum que trabalha pelo que acredita e não larga de mão a possibilidade de reencontrar as pessoas desaparecidas nos casos mais estranhos que a polícia da pacata cidade já recebeu.
“Neste mundo politicamente correto, é possível ser um oficial de polícia no auge da arreira em um momento, e uma ferramenta política no outro.”
Quanto a Ashley, não consegui criar nenhum tipo de conexão mais profunda com a personagem e a achei extremamente teatral (apesar de ser exatamente esse o papel dela na história).
Por outro lado, a narrativa teve uma queda muito brusca nos capítulos finais e achei que o autor acelerou a cronologia dos fatos, deixando certas revelações extremamente pacatas em relação ao resto do livro que manteve a tensão e o mistério até o plot ser revelado. Isso acabou deixando a narrativa devagar e repetitiva e com um final que não cria tantas expectativas assim para um possível próximo livro – se realmente for escrito – visto que “Simplesmente morto” foi lançado em 2012.
Início da Leitura: 01/03/2023
Término da Leitura: 03/03/2023
Classificação final:
Escrita
Personagens
Enredo
Geral
Peter James
Ano: 2012
Páginas: 408
Idioma: português
Editora: Novo Século
Michael Harrison tinha tudo: boa aparência, charme, espírito de liderança, ótimo senso de humor e agora também Ashley, sua noiva. Mas depois de uma festa com um grupo de amigos, algumas noites antes de seu casamento, Michael se vê preso em um caixão. Tudo deveria ser apenas brincadeira – Michael estava levando o troco pelas pegadinhas que sempre fizera com seus amigos –, pelo menos até eles morrerem bêbados em um acidente de carro.