Uma grande batalha é travada. Os últimos combatentes do Reino do Norte, composto pelos maiores paladinos de Gaian, lutam por suas vidas em um destino para combater o mal assolado pela destruição, pelo medo, desespero, dor e morte. A única decisão é incerta e perigosa: quais escolhas devem ser feitas? Quais caminhos devem ser trilhados? Haverá esperança para o povo de Gaian?
É tempo de festa e colheita em Arinon – uma pequena cidade que conecta os Reinos do Norte e do Sul – e o clima que paira entre os residentes do vilarejo não poderia estar melhor. Com um céu estrelado, a lua cheia resplandecendo por detrás das montanhas e o típico e sutil frio vindo do norte dissipando o característico calor do verão, o silêncio trazia paz, leveza e um sentimento de tranquilidade atípicas em um dia tão importante.
Liderada por um grande líder local chamado Ehlen, os preparativos para a grande festa anual estão a todo vapor e a colheita promete ser a maior consecutiva dos anos anteriores. Com a alegria se espalhando entre a população, Ehlen tem um terrível sonho, onde prevê aproximação de uma grande guerra que destruirá e devastará os reinos, alcançando em breve a pacata e tranquila cidade de Arinon.
Com um mau presságio de visões tão turbulentas, Ehlen convoca uma reunião com os mais sábios conselheiros e anciões para contar-lhes sobre suas visões e temores sobre cenas tão pavorosas. Confirmando suas intuições pouco levadas a sério pelos convocados presentes, um misterioso cavaleiro surge na cidade, sendo ele o portador de más notícias vindas de um reino que, no momento presente, já não existe mais.
“Nesta luta não há misericórdia, não ocorrem arrependimentos e a mente não pensa; apenas a esperança ressurge nos corações — como fino fio prestes a se partir, como desesperado instante ou como último suspiro —, pois a verdadeira e mais cruel guerra vai começar, a que decidirá não apenas destinos, mas também ideais.”
Sendo um dos poucos paladinos que sobreviveram ao massacre de Thane no Reino do Norte, Arffek busca no vilarejo o futuro guerreiro sagrado, predestinado a lutar pela lei e pela ordem, protegendo os fracos e lutando para trazer luz e libertar Gaian de um futuro devastador e sombrio.
Reler “Gaian – O Reinício” foi uma das experiências mais incríveis desse mês, pois me apaixonei novamente pelo mundo de Gaian que conheci em 2015 durante a Bienal do Rio de Janeiro. Além de ser um livro de fantasia muito bem escrito, Gaian traz a união de diversos mundos e seres fantásticos, criando uma história repleta de ensinamentos e lições ligadas a diversos sentimentos como amizade, amor, esperança, perseverança e acima de tudo força.
A construção da emoção dos personagens e dos cenários é um dos destaques do livro, pois cada sentimento, local e características são descritas de forma detalhada, tornando as sensações das cenas palpáveis, já que é possível vivenciar exatamente a forma como o personagem está se sentindo em relação ao que acontece ao seu redor. E, apesar de toda a história ter inúmeros detalhes para descrever o menor dos acontecimentos, em momento algum essa quantidade se torna massiva e só acrescenta ainda mais valor ao cenário.
“O maior desafio a ser enfrentado por qualquer pessoa não reside neste mundo das coisas, simplesmente. O maior desafio de todos é vencer a si próprio. Isso é especialmente válido para vocês, dotados de enormes responsabilidades e de capacidades extraordinárias. O mais árduo desafio para vocês se tornarem verdadeiramente guerreiros sagrados.”
Uma das características mais marcantes do estilo de narrativa rico em detalhes do autor é também a forma quase poética e filosófica com que alguns diálogos entre personagens é feito. Por ser uma história medieval com seres mitológicos e magia, boa parte da narrativa de “Gaian – O Reinício” possui uma coletânea de frases, reflexões, pensamentos e mensagens típicas de grandes pensadores e mestres dos tempos antigos, de uma Gaian que já passou por anos de guerra, destruição e ensinamentos profundos sobre o poder e o ódio.
A caminhada de Arffek pelos próprios sentimentos, como o ódio e a sede por vingança à morte de sua esposa Erion durante a Segunda Grande Guerra de Gaian, é o ponto mais alto da narrativa, pois pouco a pouco a história dele vai se desdobrando em caos e se tornando pesada e extremamente sombria à medida que ele encontra em sua raiva a disposição e força para enfrentar seus inimigos com ainda mais crueldade.
“A escuridão avança, e qual destino os homens escolherão? A força indomável dos espírito, a eterna espera do medo ou a traição velada da ganância? Eu já fiz a minha escolha! Eu farei o meu destino!”
Assim como a história de Arffek, Brisrar se mostrou a personagem mais forte de toda a história, não somente em relação à força, como também em sensatez, amizade e perseverança. Entre todos os guerreiros ela é a mais centrada e focada para alcançar um objetivo, por mais difícil ou impossível ele possa parecer e se mostra sempre solícita a ajudar seus amigos e outras pessoas.
Em relação a diagramação de “Gaian – O Reinício”, não há palavras para descrever a perfeição, pois cada capítulo possui uma ilustração que remete a uma parte da história, o que traz ainda mais caracterização e conexão com a narrativa.
Início da Leitura: 16/03/2023
Término da Leitura: 21/03/2023
Classificação final:
Escrita
Personagens
Enredo
Geral
Cláudio Almeida
Ano: 2015
Páginas: 336
Idioma: português
Editora: Talentos da Literatura Brasileira
Gaian, o reinício é uma fantasia épica e narrará os últimos acontecimentos da Sétima Era daquele mundo que revelaram o nascimento de uma guerra, a queda do grandioso Reino do Norte e o reaparecimento dos guerreiros sagrados, um grupo destinado a combater o mal que trará, a cada povo de Gaian, desespero, dor, pavor e morte e deseja acima de tudo a destruição.