Crimes sombrios e corpos destroçados estão sendo encontrados nas terras pantanosas do estado da Louisiana, mas nenhum responsável por tais mortes ainda foi encontrado. Curiosa com tamanha brutalidade, Wren Muller, uma patologista forense, se depara com os corpos das vítimas e suas histórias não contadas, enquanto a mesa e sala de autópsia ficam mais cheias com assassinatos cada vez mais frequentes.
“Além da irritação administrativa, essas mulheres não identificadas trazem consigo uma tristeza pesada. Wren as vê à noite, quando fecha os olhos. Ela escuta as mulheres lhe pedindo para lhes dar um nome, para dar uma conclusão às suas histórias. Não dá para deixar de lado o terror de saber que o ente querido de alguém está ali, sem ser reivindicado, em um frio saco para cadáver. A solidão dos corpos não identificados a sombra. Nada é pior do que ser esquecido.”
Acostumada a lidar com a morte tão de perto, Wren nunca encontrou um caso que não pudesse resolver, até que mensagens ocultas começam a aparecer junto aos corpos, trazendo dicas dos próximos assassinatos e deixando Wren cada vez mais atraída pela perseguição de um assassino brutal, que parece estar presente em seu subconsciente e ainda mais próximo do que ela imagina.
Na faculdade da Louisiana, no segundo período da turma de medicina, um assassino espreita sua próxima vítima. Jeremy é fascinado pelos mistérios do corpo humano e tende a fazer experimentos médicos com suas vítimas, mantendo-as vivas pelo maior tempo possível até que chegue a hora de caçá-las.
Depois de uma das vítimas ter escapado da caçada sombria pelos pântanos de sua propriedade, que resultou no maior erro de toda sua obsessão, Jeremy busca a perfeição para que seu plano saia exatamente como ele deseja: encontrar Emily, a garota que fugiu, e então terminar o que não conseguiu da última vez.
Apesar de ser um livro sobre um serial killer, “O Carniceiro” deixou muito a desejar pela falta de expertise de um verdadeiro assassino como personagem. Assim que comecei a leitura, criei expectativas altas demais para o que foi entregue pela narrativa. Esperava que o livro fosse mais extenso, mais denso, criando um certo “peso” durante a leitura, mas nem a morbidez e descrições explícitas dos atos de Jeremy conseguiram causar aquela “repulsa” típica de quando assistimos séries ou documentários sobre serial killers.
“Morte e dor não podem ser explicadas em um relatório de autópsia não de verdade. É primitivo e não pode ser ensinado em uma sala de aula ou em um laboratório.”
A expectativa que coloquei é que me sentiria como se estivesse assistindo Dahmer, mas não chegou nem próximo. A história é instigante, não posso desmerecer o livro quanto a isso, e retrata bem a mente de assassinos, suas aspirações e inspirações, mas senti que a autora criou buracos na narrativa que acabaram deixando um vazio a ser preenchido.
A autora mergulha profundamente na mente de Jeremy, um assassino cuja infância conturbada e a falta de amor de seus pais são apresentados como os principais fatores que moldaram sua personalidade curiosa pela experimentação. Contudo, a falta de nuances na relação familiar de Jeremy parece simplista demais. Esperava um desenvolvimento mais detalhado e psicológico, algo que vá além do estereótipo de pais negligentes.
O plot é jogado na metade do livro e acaba tirando um pouco as expectativas do resto da leitura, apesar de já ter sido dado pelo autor dicas de que o passado estava ali impregnado, escondido sob as sombras e racionalidade de Wren. Essa virada de chave foi ótima para criar a segunda parte que explica os acontecimentos, mas entregou todas as cartas do mistério de Jeremy e sua garota fugitiva.
Jeremy é um serial killer que possui conhecimentos de anatomia, mas nada tão aprofundado que possa ser chamado de profissional. Nenhum serial killer se gaba dos conhecimentos que possuem. Não é à toa que a autora cita várias vezes assassinos famosos como Ted Bundy, Charles Manson e Jeffrey Dahmer, comparando o carniceiro como alguém pior. Jeremy achava que esses assassinos eram apenas aspirantes, que seus métodos eram “burros”. Mas, no final, o próprio método de Jeremy não se tornou nada demais e achei fraco. Tinha todo um potencial para ser algo repulsivo, mas não foi bem explorado.
“Ninguém pode saber a completa solidão que precede a morte até que chegue sua vez. Fisiologicamente, as pessoas podem explicar com exatidão o que acontece quando um coração para de bater, mas não há angústia que brota da alma de alguém no instante em que percebe que sua vida está sendo ceifada por outra pessoa. “
O ponto mais alto do livro (e acho que único) é a investigação conduzida por Wren e o momento em que ela e o assassino se encontram cara a cara no meio da perseguição. Sua determinação em capturar Jeremy e o desespero dele em corrigir seus erros, aliviando sua frustração em vítimas aleatórias, é o que realmente mantém a narrativa interessante.
“O Carniceiro” é uma leitura instigante que proporciona um vislumbre superficial da mente de um assassino, mas falha em entregar a profundidade e a tensão que a premissa sugere. A narrativa apresenta boas ideias, mas poderia ter sido mais bem desenvolvida para alcançar o impacto esperado.
Início da Leitura: 09/08/2024
Término da Leitura: 12/08/2024
Classificação final:
Escrita
Personagens
Enredo
Geral
Alaina Urquhart
Ano: 2023
Páginas: 256
Idioma: português
Editora: Planeta
Algo sombrio espreita os pântanos do estado da Louisiana: um assassino metódico, com tendência a experimentação médica, vem trabalhando arduamente para completar seu mais aterrorizante crime até agora, zombando das autoridades que tentam desesperadamente alcançá-lo.