Um reino devastado pela fúria, uma jornada pela salvação do mundo e um passado sombrio para ser derrotado.
Séculos atrás, Dianna e sua irmã enfrentaram o frio, a fome e a dor de perder tudo e todos que amavam enquanto tentavam sobreviver a uma peste devastadora. Com sua irmã sucumbindo cada dia mais à doença e suas forças se esvaindo, Dianna fez o impensável: implorou aos mundos por ajuda, oferecendo qualquer coisa em troca da vida de sua irmã.
Sem saber que tipo de criatura havia invocado e desesperada por salvar a vida de Gabby, Dianna faz um acordo de sangue em troca de obediência e servidão. Kaden, uma criatura mais antiga que os próprios deuses, a personificação da escuridão, aceita o pedido e Dianna então descobre que sua serventia é muito pior que qualquer pesadelo.
“Kaden não aceitava fraqueza, mas eu tinha sido mortal antes de abdicar da minha vida. Eu tinha sido mortal, com sentimentos mortais, opiniões mortais e uma vida mortal. Não importava o quanto tivesse me afastado ou o que tivesse feito, minha mortalidade às vezes voltava sorrateiramente. Muitos diriam que era uma falha do meu coração mortal. Era apenas mais uma razão pela qual eu tinha que ser mais forte, mais rápida, mais cruel. Há uma linha que se cruza para conseguir sobreviver – uma que eu cruzei séculos atrás.”
Pagando pelo preço da vida de sua irmã, Dianna foi transformada em uma criatura capaz de arrancar memórias do sangue, invocar chamas, assumir a forma de qualquer fera que desejasse e, para sobreviver e manter suas forças, se alimentar do sangue de outras criaturas.
Descrita por todos como a segunda criatura mais mortífera, cruel e letal que já existiu, Dianna é forçada a caçar uma relíquia antiga criada pelos seus inimigos, o “Livro de Azrael”, que promete abrir os reinos e libertar a todos de sua espécie. Ninguém sabe ao certo se o livro realmente existe, onde ele está ou como encontrá-lo. O maior problema, porém, é que ele está escondido em um lugar protegido por Samkiel, o Destruidor de Mundos.
Samkiel, soberano dos celestiais e membro de uma ordem conhecida como “A Mão”, vive isolado desde a Guerra dos Deuses, que dizimou criaturas celestiais e bestiais. Fugindo de suas responsabilidades e acreditando que seus dons destrutivos causariam mais danos do que soluções, Samkiel permaneceu séculos revivendo suas memórias de guerra, mas Kaden envia um ataque ao reino em sua busca pelo “Livro de Azrael” e Samkiel é obrigado a retornar e lutar por todos aqueles que depositam suas vidas nele.
Como fantasia não é um dos meus gêneros favoritos, confesso que não tive grandes expectativas quando esse livro chegou na caixinha do clube “Turista Literário”, mas a narrativa me prendeu como há muito tempo uma fantasia não fazia, ainda mais depois de ter lido Gaian – O Reinício e Gaian – Luz e Escuridão. A cada capítulo, eu sentia uma vontade quase desesperada de descobrir os próximos passos de Liam e Dianna.
Kaden é o típico vilão de dark romance: sombrio, sexy e absolutamente detestável. Apesar de ter uma presença marcante durante todo o livro, ele é, ao mesmo tempo, nojento e repulsivo, por estar sempre manipulando a Dianna para alcançar seus objetivos sem nunca sujar suas mãos com sangue. Obrigada a obedecer e aguentar o poder de opressão que ele exerce, Dianna é mantida presa em uma servidão cruel, sempre à mercê das agressões físicas, verbais e sexuais de Kaden, vivendo constantemente com medo de que qualquer desobediência sua possa levar ele a ferir ou até tirar a vida de sua irmã.
Dianna vive um relacionamento abusivo, e muitas vezes tive nojo das cenas que eram descritas, a forma como ela era tratada e como, por mais que fosse forte o bastante, não conseguia sair daquele ciclo, vivendo sob constante ameaça à pessoa que ela mais amava. É doloroso ver como ela, que poderia enfrentar qualquer batalha externa, se vê impotente diante de um inimigo tão próximo, que usa o medo e o poder para mantê-la sob controle. A forma como esse ciclo é retratado evidencia o quanto a força nem sempre é suficiente para superar certas situações, especialmente quando há algo ou alguém querido em jogo.
“Ele é basicamente meu dono. Lembra o que acabamos de falar sobre a vida que você tem? Ela teve um preço, um preço sobre o qual nenhuma de nós gosta de falar. […] – Acha que eu não sei o que está acontecendo, mesmo que você não me conte? Eu vi os hematomas quando você chegou. Você não dorme, fica se remexendo todas as noites. Você está sempre nervosa. Eu noto como você observa portas e janelas, como age quando saímos. Noto como você se sobressalta quando alguém esbarra em você. Por que não revida? Você tem as habilidades e é forte.”
Por outro lado, o relacionamento entre Dianna e Liam (novo nome adotado por Samkiel após a queda de Rashearim) é o exato oposto disso: complexo, intenso e cheio de reviravoltas. Por serem inimigos mortais, a relação deles não é nada fácil no início, com momentos brutais e uma rivalidade agressiva. No entanto, a progressão desse relacionamento é uma das melhores partes do livro. Juntos eles são um casal excelente, incrível! É fascinante acompanhá-los aprendendo a confiar um no outro, lutando lado a lado, mesmo com a constante falta de comunicação que às vezes os coloca em direções opostas.
Liam, em particular, tem um crescimento incrível e foi um dos destaques favoritos da minha leitura. Antes mesmo de ser coroado por seu pai, para continuar a linhagem de soberania sobre os celestiais, ele já se comparava com os mais poderosos e imponentes guerreiros do reino, sofrendo com as cobranças e comparações constantes que o faziam se sentir insuficiente. Sua reclusão e depressão foram exploradas com muita sensibilidade e cuidado pela autora, e a forma como ele se redescobre ao lado de Dianna é emocionante.
“Não importava o que fiz e a decisão que tomei, eu me sentia isolado e solitário. Passei a vida inteira ouvindo quem eu era, o que eu era e como liderar. Mas quem eu era de fato? Eu não sabia, não de verdade. Na minha juventude, fugia das aulas, enquanto meu pai insistia que eu prestasse atenção. Afoguei os demônios que tentavam me dominar com homens, mulheres, bebidas e treinamento, esforçando-me para ser mais veloz e mais forte. Eu me esforcei para ser algo de que ele se orgulhasse e que fosse digno do amor que todos me deram. Funcionou por algum tempo, mas tudo que eu tentava parecia causar mais problemas.”
A conexão entre eles fica cada vez mais palpável e é impossível não shippar esse casal enemy to lovers. Juntos eles compartilham medos, dores e anseios, criando um vínculo que ajuda Liam a lidar com seus próprios demônios e a melhorar seus relacionamentos com aqueles que se preocupam com ele.
Quanto a essa superação de Liam, o que mais gostei foi a escolha da autora de não usar o sexo entre Dianna e Liam como um escape para emoções negativas ou um alívio para sua raiva e frustrações. Em vez disso, o romance entre eles funciona como um bálsamo, algo realmente genuíno que cresce ao longo do tempo juntos enfrentando seus inimigos.
“Não me recordo de por quanto tempo conversamos, mas em algum momento, entre suas risadas e sorrisos, decidi que destruiria o mundo por ela. Quando ela se virou para mim e passou os braços ao redor do meu peito, o mundo desapareceu. Foi uma breve trégua, enquanto eu segurava seu corpo enrolado contra o meu. Foi um momento de paz – até que os sonhos que ameaçavam destruir minha alma o interromperam. […] Era o desejo mais egoísta do mundo, mas eu a queria mais que uma coroa, mais que um Trono, mais que ar. Mais do que isso me possuía – e ela nem mesmo sabia disso.”
Início da Leitura: 08/09/2024
Término da Leitura: 11/09/2024
Classificação final:
Escrita
Personagens
Enredo
Geral
John Berendt
Ano: 2024
Páginas: 480
Idioma: português
Editora: Inside Books
Há muitos séculos, desesperada para salvar a sua irmã, Dianna fez um acordo com Kaden, um monstro muito pior do que qualquer pesadelo. Presa em servidão a ele, ela é forçada a caçar uma antiga relíquia mantida por seus inimigos: um exército liderado por Samkiel, o Destruidor de Mundos.