Tentando superar o fim de seu noivado e a dolorosa descoberta de que a pessoa que amava estava apaixonada por outra, Wren sente que nunca será capaz de superar essa dor ou encontrar a felicidade novamente. Vivendo o luto do término e se sentindo sufocada pelos acontecimentos ela enfim decide ir para a casa de seu pai, buscando uma pausa para reorganizar sua vida e um respiro em meio ao caos de seu coração partido.
“Nunca, nem um milhão de anos, pensei que isso aconteceria comigo, que seria eu o único obstáculo no caminho do amor verdadeiro. Quando percebi a seriedade da situação, fui engolida pela agonia e por um desamparo absoluto. Eu não podia fazer nada. Não havia uma luta para vencer. Eu havia perdido o amor da minha vida. […] Minha mãe sempre me disse para confiar na minha intuição. Mas é difícil quando isso ameaça partir seu coração.“
Enquanto isso, na mesma cidade onde o pai de Wren mora, Anders luta contra os próprios fantasmas. Ainda devastado pela perda de sua esposa em um grave acidente há quatro anos, ele se isola do mundo, construindo uma muralha de sentimentos que parece impossível de derrubar.
Ao chegar na pequena fazenda, em meio ao calor do verão americano, Wren conhece Anders. Entre a dor que carrega pelo fim de seu noivado e a conexão inesperada que surge entre eles, Wren começa a se questionar: será que vale a pena arriscar tudo pelo amor novamente?
O tema do livro é bem ligado ao título que o acompanha, “Só o Amor Machuca Assim”, mas confesso que o relacionamento entre Wren e Anders não me conquistou. Para mim, Wren é excessivamente carente, alguém que está passando pela dor de um término, sempre criando cenários de amor na cabeça onde, na realidade, não existe absolutamente nada. Ela se frustra por algo que só aconteceu em sua imaginação, como se todos ao seu redor tivessem que ser capaz de ler sua mente e agir exatamente conforme as expectativas dela.
Sinto que a autora tentou criar uma figura feminina que constrói sua fortaleza emocional, mas acabou entregando uma personagem que aceita qualquer mínima demonstração de amor, mesmo que isso a machuque profundamente. Ao invés de mostrar força e crescimento, Wren parece constantemente se colocar em situações que reforçam sua vulnerabilidade, alimentada pela esperança de que as coisas podem melhorar.
“Sua rejeição ainda dói. Assim como a rejeição do meu pai. Podemos estar nos dando melhor que nunca, e sei que talvez até houvesse momentos em que ele se arrependia da decisão de deixar minha mãe e eu, mas o fato é que ele foi embora. Ele nos deixou. Ele me deixou. Eu não fui o bastante para ele. Eu não sou o bastante. Será que algum dia vou ser o bastante? Será que algum dia eu vou ser perfeita para alguém? Percebo que Anders poderia ser essa pessoa para mim ponto final mas acho que estou muito longe de ser essa pessoa para ele.“
Já Anders é um homem fraco, completamente vulnerável às opiniões de seus sogros, vivendo a vida que eles esperam em vez de olhar para si mesmo e buscar sua felicidade. Ele prefere se prender a uma existência solitária e infeliz a enfrentar seus medos, quebrar promessas do passado, ou até mesmo desrespeitar a memória da esposa que perdeu. É compreensível que ele queira ajudar a família da falecida, mas tanto ele quanto os sogros criam uma dinâmica tóxica que acaba prejudicando todos ao redor.
O tempo todo, Anders deixa claro para Wren que está lidando com o luto da perda da esposa, que ainda a ama e que não pretende deixar de amá-la. Mesmo assim, Wren insiste em se aproximar, quase mendigando atenção, como se precisasse provar que existe – ou poderia existir – algum tipo de sentimento entre eles. Anders, por outro lado, demonstra claramente que não tem maturidade para se envolver em um novo relacionamento. Ele está sempre confuso, num vai e vem emocional, o típico “morde, mas não larga o osso.” E o pior: quanto mais Anders pisa em Wren, mais ela insiste, como se fosse incapaz de priorizar seu amor-próprio.
“Seu olhar se prende ao meu por tanto tempo que meus pensamentos se dispersam como pinos de boliche. Tento desviar, mas estou mergulhada em mel mais uma vez, presa em âmbar. Algo dentro de mim começa a se desenrolar, desdobrando-se em direção a ele. Eu me sinto atraída, mas, quando dou um único passo, Anders volta os olhos para bebida.“
E Anders só piora sua posição quando esconde de Wren um segredo importante, tudo por achar que suas próprias ações estavam erradas. Ele vive numa bolha de culpa, pensando que “viver é errado, ser feliz é errado, eu sou errado.” O problema é que, dessa vez, ele realmente errou. Mentiu, omitiu, e fingiu que suas palavras eram verdadeiras, apenas para afastar Wren.
Por outro lado, ao contrário do relacionamento catastrófico entre Wren e Anders, o relacionamento que realmente gostei nessa narrativa foi o de Wren com sua meia-irmã, sua madrasta e seu pai. Esse núcleo familiar, que aos poucos é reconstruído, trouxe um avanço muito mais positivo para a história e para o crescimento pessoal de Wren, que desde a infância, carregava uma grande mágoa e culpava todos eles pela separação de seus pais. Esse sentimento de abandono paternal deixou marcas profundas em Wren, que a fez se sentir como se fosse menos importante que a nova família de seu pai, além de ter gerado cicatrizes emocionais profundas no coração de sua mãe.
Início da Leitura: 30/10/2024
Término da Leitura: 01/11/2024
Classificação final:
Escrita
Personagens
Enredo
Geral
Paige Toon
Ano: 2023
Páginas: 350
Idioma: português
Editora: Verus
Tentando superar o fim de seu noivado, Wren conhece Anders e não consegue deixar de se envolver. Mas está prestes a descobrir que o amor pode machucar. E muito. Só o amor machuca assim é uma história emocionante que nos faz questionar: vale a pena arriscar tudo por amor?