Na pacata cidade de Savannah, na bela mansão Mercer, tiros ecoam pela madrugada. 2 de maio de 1981, ninguém consegue esquecer os sons que assombram essa noite, quando Danny Hansford foi assassinado. Mas afinal, foi assassinato ou legítima defesa? Um crime foi cometido e não há testemunhas.
Jim Williams, um antiquário bem-sucedido, restaurador de casarões antigos e empregador de Danny, que residia em sua casa e fora seu parceiro sexual por dois anos, é acusado de matá-lo e vai a julgamento para que sua sentença seja decidida.
Inspirado em um true crime, “Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal” traz um crime que mudou a vida de toda a sociedade da excêntrica cidade de Savannah, no estado da Geórgia. Misturando fatos reais com ficção, o autor retrata os moradores dessa pequena cidade costeira, pela visão de personagem-narrador, um jornalista, que conta as visões e histórias que descobriu ao longo da sua estadia, até que um assassinato (tiroteio) acontece.
“Eu faria de Savannah minha segunda casa. Passaria Talvez um mês seguido aqui, por tempo o suficiente para que me tornasse mais do que um mero turista, se não exatamente um autêntico morador. Poderia entrevistar, observar e dar umas bisbilhotadas pela cidade, onde quer que minha curiosidade me levasse ou para onde quer que eu fosse convidado. Não presumiria nada. Anotaria tudo.”
A narrativa oferece uma visão ampla de todas as peculiaridades de Savannah, com personagens extravagantes, cheios de segredos e, ao mesmo tempo, profundamente humanos. Os personagens são, de fato, fascinantes – cada um com seus próprios dramas e excentricidades. Eles oferecem uma perspectiva sobre a complexidade das relações humanas e sobre como o ambiente pode moldar quem somos. No entanto, senti falta de uma conexão maior com o enredo principal.
O caso Hansford, que deveria ser o tema principal, acaba sendo apenas um pano de fundo para a história de Savannah e sua sociedade pitoresca. O autor pinta um retrato vívido da cidade, mas esse mesmo detalhismo é o que torna a leitura, em muitos momentos, arrastada e densa, e até mesmo complicada de ler e lembrar de certos detalhes.
Acredito que a ideia de Berendt é nos mostrar cada canto de Savannah e cada característica de seus moradores antes de finalmente voltar ao que nos trouxe à história: o assassinato de Danny Hansford e o julgamento de Jim Williams. A leitura foi como uma expedição mais contemplativa, uma conversa íntima com alguém que adora divagar sobre seus pensamentos.
“Tudo que sabem da vida é o que acontece dentro desses viveiros. Nunca foram expostos a pesticidas nem a poluição, então não desenvolveram imunidade nem evoluíram de alguma forma. Continuam os mesmos, geração após geração. Se a gente os soltasse no mundo, morreriam. Acho que é tipo o que acontece quando se vive desde sempre nesta cidade. Savannah acaba sendo o único lugar em que a pessoa consegue viver. Somos como insetos num viveiro.”
Um dos fatos mais curiosos dessa história é que no caso de Danny, Williams foi a julgamento por quatro vezes, em uma delas foi condenado, sentenciado e depois de várias decisões, libertado por inconsistência nas provas coletadas pela polícia.
Embora não tenha sido exatamente o que eu esperava, reconheço o mérito de Berendt em querer captar a essência de uma cidade e transformar seus habitantes em personagens profundos. Isso significa que é uma leitura que exige paciência (muita paciência) pelo ritmo mais lento. Então para quem procura uma narrativa mais dinâmica, como eu, o livro pode acabar decepcionando um pouco.
Início da Leitura: 20/11/2024
Término da Leitura: 26/11/2024
Classificação final:
Escrita
Personagens
Enredo
Geral
John Berendt
Ano: 2023
Páginas: 416
Idioma: português
Editora: Darkside
Tiros ecoaram ao amanhecer na bela mansão de Savannah. Nenhum morador conseguiu esquecer o dia 2 de maio de 1981. Por quase uma década, esses tiros e suas consequências assombraram a bela cidade sulista. Assassinato ou legítima defesa?