Nas férias, você pode ser quem quiser. Como um bom livro ou uma roupa incrível, estar de férias também nos transporta a outra versão de nós mesmos.
Poppy sempre sonhou em explorar o mundo e deixar para trás a pequena cidade de Linfield, um lugar que sempre desprezou por medo de ficar presa a uma vida que não refletia quem ela queria ser ou o que poderia se tornar. Impulsionada pela urgência de escapar de um futuro tedioso, Poppy decide se inscrever em uma faculdade apenas para garantir que não passaria mais seus dias no local onde cresceu.
Encontrando prazer nas festas, em criar novas conexões e explorar um lugar completamente diferente de sua cidade natal, Poppy conhece Alex, uma pessoa reservada, apegada, metódica e introvertida, completamente seu oposto e, para sua surpresa, também vindo de Linfield.
Apesar de parecer uma amizade improvável, a conexão acontece de forma instantânea durante uma viagem de carro, onde compartilham histórias, gostos e muitas risadas. As diferenças entre eles nunca impediram que essa amizade se consolidasse e, ao longo dos anos, seguisse firme. Enquanto Alex se forma e se torna professor de literatura, com sua rotina estruturada, Poppy abandona a faculdade após três anos e segue seu sonho de viajar, alternando entre empregos cansativos apenas para bancar as próximas aventuras.
Após alguns meses, Poppy finalmente conquista o emprego dos seus sonhos, tornando-se redatora de viagens de uma revista renomada em Nova York. À primeira vista, ela sente que conseguiu tudo que ela sempre quis: um apartamento perfeito, viagens para destinos paradisíacos, roteiros de luxo e a oportunidade de explorar o mundo enquanto escreve sobre ele.
Com o cansaço e a correria da nova rotina, ela percebe que, apesar de ter conquistado a vida perfeita que sempre sonhou, não está verdadeiramente feliz. A sensação de vazio continua afetando sua vida, e ela se dá conta de que falta algo essencial para a sua felicidade: Alex. Ela sente saudade das conversas fáceis, das risadas e das aventuras simples que compartilhavam em suas férias de verão. Mas, apesar de desejar retomar a amizade, Poppy sabe que isso jamais seria possível, já que dois anos antes, em uma viagem desastrosa à Croácia, os dois se afastaram e trocaram apenas algumas mensagens esporádicas.
“Durante dois anos, eu quis pedir a Alex para dar mais uma chance a nossa amizade, e tive tanto medo da resposta que nunca tomei essa iniciativa. Mas não pedir também não ajudou a nos reaproximarmos, e eu sinto falta dele, e sinto falta de como éramos juntos, e sinto falta da viagem de verão e, por fim, eu sei que existe uma coisa na minha vida que eu ainda realmente quero, e só há uma maneira de descobrir se posso tê-la ou não.”
Sentindo que precisa encontrar sua felicidade de novo e determinada a reconstruir sua amizade, Poppy convida Alex para uma viagem de férias. Alex aceita e, juntos, decidem estender a ida ao casamento do irmão de Alex em Palm Springs por mais três dias, como nos velhos tempos, mas as tensões que separaram os dois naquele verão colocam cada vez mais a amizade deles à prova.
Esse livro simplesmente conversou comigo! O romance friends to lovers entre Poppy e Alex é leve, gostoso de ler e, muitas vezes, os diálogos internos, as brincadeiras e implicâncias me arrancaram boas risadas e sorrisos. A dinâmica entre eles é simplesmente deliciosa de acompanhar, com aquela tensão de “opostos se atraem” e uma amizade cheia de bobeiras que aquecem o coração.
E falando em aquecer o coração, a família de Poppy merece um destaque. Barulhenta, divertida e cheia de peculiaridades, eles trazem uma leveza e um acolhimento que me fez sentir como se estivesse em um abraço quente, confortável e apertado. Foi fácil me apaixonar pelo dinamismo caótico, mas carinhoso deles.
Uma das coisas que gostei muito na história foi a maneira como a autora intercalou as viagens passadas com a viagem para reatar a amizade entre Poppy e Alex, mostrando como os dois cresceram e mudaram ao longo dos anos.
No entanto, não gostei muito da forma como Poppy usou essa viagem quase como um teste para descobrir se Alex era a peça que faltava para ela se sentir completa e feliz. Achei um tanto egoísta da parte dela, como se a viagem fosse mais uma oportunidade para ela se entender, sem realmente considerar os sentimentos e a perspectiva de Alex. Isso me deixou com uma sensação de que ela estava agindo mais por si mesma do que pela amizade que tanto prezava.
Poppy, com sua personalidade agitada, esconde seus medos e traumas atrás de uma fachada de brincadeiras, festas e bebidas, fugindo de todas as suas inseguranças. Depois de anos sofrendo bullying na escola, onde sempre se sentiu deslocada, Alex foi o primeiro com quem ela pôde ser ela mesma sem medo ou vergonha.
Fugindo do passado, dos próprios sentimentos e até de si mesma, Poppy tenta encontrar felicidade em tudo ao seu redor, menos dentro de si. Essa busca constante por algo que preenchesse o vazio, sem nunca olhar para o que realmente importava, acabou afastando Alex.
“Um nó de orgulho entalado em minha garganta, prendendo as palavras que querem sair. Mas foi o orgulho que estragou nossa amizade da primeira vez, e eu não vou cometer o mesmo erro de novo. Não vou não dizer coisas que precisam ser ditas só porque quero que ele diga primeiro.”
Alex, mesmo sendo retraído, sempre teve intenções claras e uma admiração silenciosa por Poppy, mas ela nunca pareceu perceber ou corresponder a seus sentimentos. A dinâmica dos dois é um vai e vem constante – ela fugindo do que sente, ele tentando encontrar significado nas ações dela e sentindo que suas tentativas de se aproximar eram em vão. E, enquanto Alex achava que Poppy o havia rejeitado, ela acreditava que ele não sentia nada.
Essa falta de comunicação foi frustrante, porque nenhum dos personagens teve coragem de enfrentar seus próprios medos e emoções, deixando os sentimentos se perderem no silêncio, até que a distância entre eles se tornou insuperável.
“Quero que ele diga que as coisas podem voltar a ser como antes, quando não havia nada que pudéssemos dizer um ao outro, e estar juntos era tão fácil natural quanto está sozinhos, só que sem a solidão. eu havia me convencido de que poderíamos deixar isso no passado, mas agora percebo que, cada vez que eu ficar sabendo algo novo dos últimos dois anos vai doer no mesmo ponto sensível em meu coração.”
Quanto à ruptura entre eles, causada pela viagem à Croácia, achei que o motivo foi fraco demais. Sinceramente, esperava algo muito mais impactante e absurdo para justificar o fim de uma amizade de 12 anos. O conflito pareceu pequeno demais diante da magnitude do vínculo que compartilharam ao longo de tanto tempo. Isso me deixou com aquela sensação de que a separação entre eles foi mais forçada do que merecia, sabe? E isso me deixou um pouco desapontada, já que esperava algo mais substancial para justificar o medo de se reaproximarem de novo.
“É possível que todos aqueles pequenos momentos que significaram tanto para mim nunca tenham o mesmo significado para ele. É possível que ele não tenha me procurado por dois anos inteiros porque, quando paramos de nos falar, ele não perdeu algo precioso da mesma forma que eu. Penso em um coração partido. A versão completa dessa coisa que estou sentindo, mas se estendendo por dias sem fim, sem alívio ou escapatória. Cinco dias fingindo estar tudo bem Quando dentro de mim algo está se rasgando em pedaços cada vez menores até não sobrar nada além de farrapos.”
A química entre os dois é palpável, mas a dificuldade de comunicação e o medo de arriscar a falar o que sentem, e até mesmo CONVERSAREM sobre o que aconteceu na Croácia, atrasam muito o desenrolar dessa relação. Nesse ponto também me senti completamente frustrada porque em nenhum momento, NENHUM MESMO, existiu um capítulo para que Poppy e Alex finalmente sentassem para conversar sobre a viagem que os separou, não houve discussão sobre o assunto, simples assim, ponto. Apenas resolveram seus traumas na terapia e é isso.
Mas apesar disso tudo, gostei muito que Poppy finalmente enxergou o que a estava afastando de Alex e decidiu enfrentar seus medos e aceitar o que sente. Ela aprendeu a ser honesta consigo mesma e com Alex e o desfecho foi simplesmente perfeito!
E sendo perfeito em suas imperfeições, “de férias com você” é divertido, profundo e adorável. É aquele tipo de história perfeita para ler no meio de uma TPM e se sentir acolhida com o romance entre os personagens.
Início da Leitura: 19/01/2025
Término da Leitura: 21/01/2025
Classificação final:
Escrita
Personagens
Enredo
Geral

Emily Henry
Ano: 2022
Páginas: 392
Idioma: português
Editora: Verus
Poppy e Alex. Alex e Poppy. Eles não têm nada em comum. Ela é uma garota rebelde; ele usa calça cáqui. Ela tem um desejo insaciável de viajar; ele prefere ficar em casa lendo um livro. E de alguma forma, desde uma fatídica carona na faculdade há muitos anos, os dois são melhores amigos.