Maddie Clark tinha apenas um sonho: tornar-se uma pianista profissional e viver uma vida longe da pequena cidade de Hartson’s Creek. Mas parece que a vida tinha outros planos para ela. Após ser exposta na internet de uma forma devastadora, Maddie abandonou seus estudos, desapareceu do mapa e voltou para a casa da mãe, resgatada pela irmã mais velha, completamente destruída e se sentindo incapaz de viver qualquer outra vida que não fosse a de filha cuidadosa, assumindo também o papel de boa tia para os sobrinhos e de caçula arrependida que, talvez, nunca devesse ter saído de casa.
Gray Hartson é um astro do rock, ganhador do Grammy, e depois de anos tocando nos maiores palcos do mundo, decide que é hora de voltar para casa. A visita à pequena Hartson’s Creek não é exatamente um desejo, mas uma necessidade. Apesar de todo o sucesso, Gray carrega feridas que nunca cicatrizaram, especialmente as que envolvem o pai. Desde a morte da mãe, a relação entre os dois sempre foi marcada por conflitos, e agora, mesmo adulto, Gray ainda sente o peso dessas mágoas.
Apesar do esforço em evitar qualquer reencontro com o pai, Gray encara a volta como uma chance de rever os irmãos e a tia, que sempre foram seu alicerce.
Na primeira manhã de volta, Gray decide ir até a pequena lanchonete local tomar um café. Ele não quer lidar com ninguém, só deseja um momento de sossego com uma caneca de café nas mãos. Mas o que ele encontra é algo bem diferente: uma garçonete de língua afiada e sorriso provocante.
A garota é linda, divertida e direta. E, pela primeira vez em muito tempo, Gray sente que está rindo de verdade. Ele não a reconhece de imediato. Afinal, quando ela era adolescente, era apenas a irmã mais nova meio esquisita de sua atual ex-namorada e Gray foi embora tão repentinamente da cidade, que nem teve tempo de reparar quem ela se tornaria.
Só que então Gray descobre quem ela realmente é e, de repente, aquela garota que o fez rir e que o deixou intrigado sobre quem era, se torna a última pessoa com quem ele deveria se envolver.
Só que o coração, como a gente bem sabe, não segue lógica nenhuma.
“A alma dele precisava dedilhar a guitarra. Qualquer coisa que tirasse a sua mente daquela casa e daquela cidade e dos Malditos habitantes que o estavam deixando maluco. Ainda mais aquela que o fizera rir e querer beijá-la e que tinha mentido sobre o próprio nome na cara dele. É, especialmente Maddie Clark.“
Terminei Me Leva Para Casa em quatro horas e meia — e a verdade é que não entendo por que tantas pessoas no Skoob deram avaliações tão baixas para essa história. Me envolvi completamente desde as primeiras páginas e, sinceramente, adorei a leitura.
Sim, a história é clichê. Um astro do rock que retorna à sua cidade natal, e uma garota do interior que carrega um passado silenciosamente doloroso. Mas o clichê, aqui, é exatamente o que funciona. Aquele tema que a gente que lê romances conhece bem: o famoso que volta às origens e se reencontra com alguém que jamais esperava e, juntos, redescobrem não só o amor, mas também a si mesmos.
O romance entre os dois se desenvolve rapidamente de forma leve, divertida, cheia de tensão, e, principalmente, para mim, de forma natural. Existe uma história não resolvida entre eles, um passado que conecta seus caminhos, e isso sustenta a aproximação que acontece no presente.
“Meu Deus, que sensação boa. Muito boa. Ele sabia beijar – não era pesado demais nem suave demais. Um beijo equilibrado que a fez levantar voo ponto final a boca dele acendeu um estopim que não parava de arder, o corpo dela em Chamas enquanto ele aprendia na parede e engolir os suspiros dela. e, quando os dois finalmente se afastaram, sem fôlego, parecia que ela havia perdido um pedacinho de si.“
Gray sente-se atraído por Maddie, sem imaginar quem ela realmente é. Já Maddie, acostumada a viver à sombra da irmã e a se ver como alguém “menor”, se vê abalada por essa atenção repentina e principalmente por perceber que seus sentimentos de adolescência talvez nunca tenham, de fato, desaparecido.
Li algumas resenhas dizendo que o romance pareceu corrido ou pouco envolvente. Pessoalmente, não senti isso. A leitura flui com leveza, é gostosa, reconfortante. Não há grandes reviravoltas ou dramas excessivos, mas há sinceridade, emoção e uma conexão incrível entre os personagens.
“O corpo dele estava zumbindo como se ele tivesse enfiado o dedo na tomada. Quando foi a última vez que ele se sentira assim? Nem mesmo estar na frente de cinquenta mil fãs que cantavam as letras com ele era tão bom.“
O trauma da Maddie traz emoção a história e acredito que vai tocar qualquer mulher que já se sentiu exposta, vulnerável ou julgada. Existe uma dor silenciosa em ser mulher, em ter que lidar com olhares, opiniões, invasões. E a forma como a autora constroi essa parte da história de Maddie é delicada, mas poderosa. Não é só sobre o que aconteceu com ela, mas sobre o que isso gerou dentro dela: a perda de um sonho, a vergonha que não era dela, o medo de ser vista de novo e tudo aquilo vir à tona.
“A caixa torácica dela parecia uma porta bem fechada. Ele estava cutucando, tentando abri-la, e parte dela queria que ele abrisse. A outra parte? Sabia que, depois que ele abrisse, ela teria que lidar com o fato de ele saber a verdade. Ela não sabia se estava pronta para isso. Ainda não. Talvez nunca estivesse.“
No começo, achei a irmã da Maddie meio vaca, pra ser sincera. Ela é o tipo de pessoa que faz questão de mostrar que conseguiu tudo: saiu da cidade, casou com um homem rico, tem filhos lindos, mora numa mansão… e parece que espera que a Maddie continue sendo só a irmã caçula que não conseguiu o que queria e retornou para ficar cuidando da mãe e dos sobrinhos.
O que me incomodou de verdade foi a forma como ela sempre trazia à tona o que aconteceu com a Maddie no passado, dizendo que a salvou, como se quisesse que ela não esquecesse e, pior, usava isso como argumento para impedir que ela se envolvesse com o Gray. Dizendo que ele poderia magoá-la de novo, que ela precisava se proteger.
Mas, sinceramente? Soou mais como egoísmo e implicância do que preocupação. Parecia que ela não suportava a ideia de que o ex, que a deixou para viver a vida de astro do rock, agora pudesse estar interessado na irmã. E o pior: agia como se a única forma de não se decepcionar fosse aceitar uma vida segura, porém limitada. Isso me incomodou profundamente, porque passa a ideia de que, uma vez “quebrada”, a mulher precisa se contentar com o que sobrou.
Mas, fora isso, gostei demais de Maddie e Gray. Me Leva Para Casa é o tipo de leitura perfeita para um dia frio e nublado, quando tudo que você quer é uma história quente o suficiente para te abraçar. Um clichê bem executado, com coração e sensibilidade e, por isso, ganhou cinco estrelas sem pensar duas vezes.
Início da Leitura: 22/04/2025
Término da Leitura: 22/04/2025
Classificação final:
Escrita
Personagens
Enredo
Geral

Carrie Elks
Ano: 2024
Páginas: 266
Idioma: português
Editora: Verus
Gray Hartson está voltando para casa. Depois de anos tocando em estádios lotados ao redor do mundo, o cantor tatuado está determinado a reconstruir laços com o pai doente e se reconectar com a família que deixou para trás. Então ele a conhece… a única mulher que ele não pode ter.