Hoje é dia de compartilhar a minha experiência literária com a primeira caixa recebida da TAG Inéditos, um sonho que finalmente se realizou. Há pouco tempo decidi me inscrever no plano da TAG e aproveitei a promoção em dobro, na qual a caixa de fevereiro seria enviada com os brindes do mês anterior, consistindo na agenda literária exclusiva, guia de leitura e o livro “Nascidos do Crime”.
Em fevereiro, a caixinha da TAG Inéditos enviou para os associados o primeiro livro de literatura erótica. A Escola de Contos Eróticos, escrito por Balli Kaur Jaswal, aborda temas importantes como o empoderamento feminino, o erotismo como forma de expressão e o uso da escrita e da própria literatura como partes importantes para o desenvolvimento da sexualidade dos personagens.
Nikki, a protagonista da história, tem 22 anos e é filha de imigrantes indianos que se mudaram para a Inglaterra em busca de uma vida em que pudessem fazer suas próprias escolhas. Apesar da sua origem Sikh, ela não concorda com as regras Punjab aplicadas a religião e se distancia o quanto pode dos antigos costumes de sua família.
Antes de se mudar para a casa acima do bar onde trabalha, Nikki era pressionada por seu pai para se formar em advocacia, já que tinha o dom de defender causas que ela achava importantes. Porém, não se encaixando na turma, não conseguindo acompanhar as aulas e extremamente desanimada com a quantidade de coisas que não lhe chamava a atenção, Nikki resolve trancar a matrícula, sair de casa e ir em busca de uma profissão pela qual pudesse se apaixonar.
Sozinha e lutando para tentar achar o seu verdadeiro caminho, ela se vê cada vez mais dividida entre os valores tradicionais Punjab de sua família e seus pensamentos liberais.
Ao contrário dela, sua irmã Mindi está a procura possíveis candidatos a matrimônio para um casamento arranjado, algo que Nikki repudia até o fim pois acha insustentável não conhecer o parceiro antes mesmo de se casar com ele.
Mesmo não concordando com a atitude tradicional de Mindi, Nikki resolve ajudá-la na busca e vai até Southall, uma comunidade Punjab próxima de Londres, onde os imigrantes puderam construir uma pequena Índia, trazendo seus costumes e vivenciando eles de maneira tradicional dentro da Inglaterra.
Chegando ao templo onde colocaria as informações de sua irmã no mural de avisos matrimoniais, Nikki se depara com uma proposta que lhe chama a atenção assim que lê as informações escritas em um pequeno pedaço de papel.
Ensinar escrita para pessoas com tradições punjab não era sua intenção, mas a oportunidade de dar aulas e poder compartilhar leituras com seus alunos, ensinando-os a escrever suas próprias histórias pareceu-lhe a oportunidade de finalmente se encaixar em uma profissão que pudesse amar.
Assim que as aulas começam, Nikki não percebe a verdadeira intenção de suas alunas e se frustra ao descobrir que suas novas alunas viúvas estão ali apenas para se alfabetizar em inglês.
Porém, sendo a professora responsável pelas viúvas, Nikki percebe que mesmo com elas não sabendo escrever, falando poucas palavras em inglês e pertencendo a uma cultura extremamente conservadora, as viúvas tinham muita imaginação, memórias, sonhos e desejos.
Assim, as aulas são transformadas e os encontros em sala de aula ganham um novo significado, gerando vínculos emocionais de aceitação e libertação. O ambiente se torna um espaço livre para compartilhar os pensamentos mais íntimos e privados de suas alunas.
“Indignadas e com os olhos inflamados, elas escreveriam suas histórias para o mundo todo ler.”
A proposta de abordagem do livro “Escola de contos eróticos para viúvas” sobre um tema que ainda é tabu para muitas tradições chamou muito a minha atenção durante a leitura. O modo como a história é contada, com o choque entre diferentes visões da sexualidade humana, e, principalmente a sexualidade da mulher como forma de empoderamento feminino, chama a atenção para assuntos atuais que vêm sendo cada vez mais discutidos entre diferentes gerações.
“Não dá pra esperar o mundo de um marido. Quanto antes vocês, garotas, entenderem isso, menos decepções vão enfrentar.”
O espírito livre de Nikki e o seu apoio constante em causas reflete em muitos aspectos o que estamos vivenciando hoje na sociedade. A busca por liberdade de expressão, o apoio em causas sociais e os movimentos feministas que buscam aumentar a visão sobre os direitos das mulheres na sociedade são muito bem destacados durante e leitura, apesar de não serem explícitos a todo momento.
“Histórias não são responsáveis por corromper ninguém – Nikki argumentou. – Elas dão às pessoas uma chance de vivenciar coisas novas.”
As histórias contadas pelas viúvas em “Escola de contos eróticos para viúvas” são as partes que criam mais conexão com quem está lendo, pois é ali que podemos ver as verdadeiras características dos personagens, como pensam e como agem, já que fora desse contexto, toda a cultura punjab machista mascara a verdadeira essência deles.
Porém, o que deixou a desejar na minha visão foi o fato de a Nikki ficar em segundo plano diversas vezes. Ela foi a grande idealizadora de tudo, abordou temas importantes, mas a sua verdadeira personalidade foi desfalcada, tornando-a simples demais para a história que ela mesma guiou durante o livro.
Para essa questão, aqui vai uma frase que representa o que acabei de falar:
“Permita que ele encontre equilíbrio e moderação em todas as coisas; permita que ouça a si mesmo e não o barulho dos outros.“
Apesar de tudo, o tema trazido pela TAG trouxe uma abordagem muito assertiva. principalmente pelo fato de usar mulheres empoderadas como protagonistas tão próximo ao mês das mulheres.
5/5

Ano: 2019
Autor: Balli Kaur Jaswal
Páginas: 352
Idioma: Português
Editora: TAG – Experiências Literárias | Editora Planeta