Julia é diretora-chefe na empresa ChapterPad e está pronta para escrever um novo capítulo da sua própria história ao se mudar para outra cidade e morar com seu noivo David. Tudo que ela espera é um novo relacionamento e uma vida amorosa tranquila, depois que seu ex-companheiro a abusou e agrediu, sendo indiciado a cumprir a restrição judicial de afastamento que Julia solicitou ao tribunal.
Contudo, o sonho de Julia está se tornando um pesadelo por causa da ex-mulher de David, com a qual ele tem uma filha. Tessa Connover tem um ciúmes doentio e um distúrbio mental, também conhecido como ciúmes patológico, que causa obsessão por seu ex-marido e um Transtorno Delirante Paranóico repleto de hostilidade e impactos negativos na nova vida familiar de Julia. Para Tessa, Julia sempre está tentando acabar com a vida social e amorosa entre ela, David e Lilly, uma vida familiar na qual ela tanto luta para integrar novamente, apesar de não ter volta. Além dos problemas casuais, Julia recebe uma notificação da justiça informando que a restrição contra Michael (seu ex) expirou e ele estará livre da cadeia novamente.
A partir disso, o inferno na vida dela começa e Tessa faz de tudo para que ela seja vista como louca e assassina.
Esse thriller superou todas as minhas expectativas, pois muitos dos filmes que a Netflix possui, quanto a esse gênero, parecem novelas mexicanas. Assim que a primeira cena acontece é possível prever o que se pode esperar quanto ao final, mas a dúvida fica exposta já que a protagonista também parece ter sofrido um trauma psicológico.
A história em si evolui quando Tessa passa de uma mulher com distúrbios psicológicos para uma mãe narcisista, manipuladora, controladora, exigente e distante na relação com sua própria filha. Ela impõe um vínculo prejudicial cheio de punições físicas leves e contenções emocionais expressivas que suprime, quase desde o início, a energia emocional da criança para colocar a sua própria como prioridade.
Os atores fizeram um papel sensacional. Julia, interpretada por Rosario Dawson, é uma mulher incrível, amável e segura de si, Tessa Connover (Katherine Heigl) é a famosa patricinha loira, de família rica, correta em tudo que faz e espelha esse molde em sua própria filha, impondo limites e regras de etiqueta exageradas e David é o famoso cara que deixou seu passado para trás, é correto, mas acredita apenas no que seus olhos vêem.
O que me incomodou profundamente foi a contextualização da narrativa, que poderia ter sido centrada nos abusos psicológicos, mas que com o tempo se tornou apenas uma briga por um homem (que nem foi tão importante assim para o desenrolar dos acontecimentos), já que as cenas em que aparecia eram apenas para demonstrar que ele fazia parte daquele triângulo amoroso doentio. Não houveram grandes ações, não houve evolução desse personagem.
Outro ponto importante é o fato de Tessa parecer alexitímica, como se não houvessem expressões faciais que representassem o que ela está ou não sentindo. Esse detalhe marcante expressa fielmente a falta de empatia da personagem, dando a ela uma aparência fria e distante e que expressa a dificuldade em manter suas relações interpessoais.
Em contrapartida, as expressões de Julia, nas cenas em que atuava com Tessa, deixaram muito a desejar. A falta de ação e reação dela frente as afrontas da ex-mulher de seu noivo são nítidas quando ela fica apenas calada e com cara de tacho. Não existiram diálogos cortantes entre elas durante boa parte do filme e isso só muda nos últimos 30 minutos, onde parece que Julia finalmente deixa de ser trouxa e alvo de abusos psicológicos.
Quanto ao final, a última cena pareceu ser o começo de um novo desfecho, mas por ora, não há como saber e fica a dúvida e expectativa para uma segunda produção.
4.8/5FICHA TÉCNICA
Direção: Denise Di Novi
Data de lançamento: 21 de abril de 2017 (Brasil)
Classificação etária: 14 anos
Elenco: Katherine Heigl, Rosario Dawson, Geoff Stults
Gênero: Suspense, thriller psicológico
Distribuição: Warner Bros. Pictures