Desde que a Netflix anunciou o lançamento de 365 DNI, a produção italiana/polonesa tem sido alvo de diversas críticas. O filme, inspirado no livro de Blanka Lipińska, tem como objetivo ser algo erótico romântico, mas que pode ser apenas comparado ao “50 tons de cinza” em forma resumida e ainda mais abusiva.
A primeira cena do filme foi um dos detalhes mais sem sentido que deu introdução a história. No panorama geral, é possível observar que a mansão da família Torricelli é localizada no meio absoluto do nada em uma costa oceânica, e é nesse mesmo local que o assassinato do pai de Massimo acontece, com um tiro vindo do nada, do vazio, já que não há muito lugares onde se esconder, sendo uma área praticamente plana e longe de qualquer montanha.
Massimo é um homem controlador, agressivo e abusivo que não gosta de ser contrariado e não aceita um “não” como resposta. Laura é diretora de vendas e se vê infeliz diante de uma casamento que não dá certo, já que seu parceiro só pensa em si mesmo.
Muitas partes da narrativa e das cenas entre Massimo e Laura lembram a trilogia do 50 Tons de Cinza. Porém um detalhe que deixa o filme 365 DNI na ponta mais alta do gráfico de abuso psicológico e físico é o fato de que Anastacia teve opção de escolher o que queria e se apaixonar por Grey, não estando presa a ele e podendo romper o relacionamento, já Laura foi SEQUESTRADA (sentiu o peso da palavra?) e obrigada a permanecer ao lado de Massimo e se apaixonar magicamente por ele (ou pelo sexo).
Além disso, vários elementos cenográficos do filme 50 tons apareceram durante a narrativa, como por exemplo, a cena em que Massimo acorrenta Laura em uma cama, prendendo os pés e as mãos dela, e a famosa cena do baile de máscaras.
Querendo ou não esse filme é uma cópia da história de E. L. James, só que em um contexto de origem e países diferentes e com pequenas alterações no roteiro. Mas a personalidade dos personagens masculinos, femininos e direção de enredo são praticamente os mesmos.
A única caraterística que se sobressai na personagem de Laura é o seu temperamento teimoso e explosivo, mas mesmo assim, ela acaba se tornando tão submissa quanto Anastacia Steele.
As cenas de sexo são mais explícitas que a trilogia de 50 tons, mas nada a ser comparado com a plataforma xvídeos ou redtube como muitas pessoas estão fazendo (vocês realmente têm noção do que estão falando? Com certeza, não.). A narrativa usa o sexo de forma intensa e nada pudica para prender a atenção de quem está assistindo, mas em alguns momentos ele se torna massivo, mostrando o ato por diversos cômodos, vária e várias vezes.
O filme é abusivo? Sim. É sexista e machista? Sim, com toda certeza. É um problema romantizado e mascarado como se fosse algo normal na vida de uma mulher? ÓBVIO que sim. A história é envolvente, mas ainda sim marca algo que nós mulheres tentamos acabar a todo custo, todos os dias: o abuso, seja ele sexual, moral ou físico.
Romantizar um sequestro e uma vida de prisioneira sexual que não tem direito de escolha sobre sua vida é no mínimo sádico e esse filme retrata muito bem esse cenário.
Mas, em contrapartida, a trilha sonora do filme e a cenografia não deixam a desejar em nada, as paisagens italianas são lindas e as músicas (compostas e cantadas por Michele Morrone) são ótimas e lembram um pouco o estilo musical de Dennis Lloyd.
3,5/5
Direção: Barbara Białowąs
Idiomas: Língua polaca, Língua italiana
Ano: 2020
Elenco: Michele Morrone, Anna-Maria Sieklucka
Gênero: Drama
Distribuição: Netflix